12 junho 2017

alicia aza

EURÍDICE

Eras el horizonte luminoso
de las noches sin velas ni letargos,
donde la oscuridad vence al olvido
y el resuello corrompe la amargura.

Me hablaste de aquel sueño de arrecifes
en las tierras lejanas y vidriosas
de mares del cortejo receloso
lejano de sus burdos cumplimientos.

Pero tu voz quebrada y solitaria
se confundió en la mía sin compases
y me transformó en lira de tus cantos,
halcón para tus ojos sometidos,
nenúfar de tus noches turbulentas,
crimen para tus labios de ceniza.

Y te amé mito débil de papel,
desarmado en tu aliento palpitante
con ritmo de cadera de otras voces.

Seré una silueta en tu memoria,
daré viento al molino de tus ojos,
armas para tu torso de guerrero.

Pero nunca susurres mi canción
o morirás ahogado con los besos
líquidos de las novias inmortales.


EURÍDICE

Eras o horizonte luminoso
das noites sem velas nem letargias,
onde a escuridão vence o esquecimento
e o fôlego corrompe a amargura.

Falaste-me desse sonho de recifes
nas terras longínquas e vítreas
de mares do cortejo receoso
distante dos seus grossos ofícios.

Mas a tua voz quebrada e solitária
confundiu-se com a minha sem compassos
transformou-me em lira dos teus cantos,
falcão para os teus olhos submetidos,
nenúfar das tuas noites turbulentas,
crime para os teus lábios de cinza.

E amei-te mito débil de papel,
desarmado em teu alento palpitante
com balanço de anca de outras vozes.

Serei uma silhueta em tua memória,
darei vento ao moinho dos teus olhos,
armas para o teu torso de guerreiro.

Mas nunca sussurres a minha canção
ou morrerás afogado com os beijos
líquidos das noivas imortais.



08 junho 2017

eve de laudec

Il est des silences ligneux
Qui font racines
Je ne veux pas être femme-tronc
Ligaturée
Dans le grand sol ma bouche bée

Ainsi sourd ma sève inféconde


Há silêncios de lenha
Que se tornam raízes
Não quero estar mulher-tronco
Atada
Ao grande solo boquiaberta


Assim surda a minha seiva infecunda

04 junho 2017

rita valdivia

En el graznido de mi noche
más largo que un pensamiento apelmazado
por la atmósfera;
los deseos se cuajan como alimento vital
violados por el aire.
Yo subía por las gradas desgastadas del tiempo;
cada paso removía la huella de mis ancestros,
y su aullido rompía el silencio octogonal.
Buscaba inspirarme en tu risa;
pero tu risa flotaba estática en el vacío,
tratando de llamar la atención
de los harapientos personajes
que desfilaban por filas verticales.
La mezcla de vida y hastío
se escapa por las mucosas
negando los caminos,
las manos diligentes,
los ojos purulentos de sabiduría,
los instintos metidos en cascarones.
Sobre la noche, sobre la risa vacía,
sobre mi sombra engrandecida por la fiebre
se mezcla la lluvia de indiferencia
fosilizando ideas premáticas.

No grasnido da minha noite
maior que um pensamento amassado
pela atmosfera;
os desejos coalham-se como alimento vital
violados pelo ar.
Eu subia as escadarias desgastadas do tempo;
cada passo removia a pegada dos meus ancestrais,
e o seu uivo rompia o silêncio octogonal.
Procurava inspirar-me no teu riso;
porém o teu riso flutuava estático no vazio,
tentando chamar a atenção
das esfarrapadas personagens
que desfilavam em filas verticais.
A mistura de vida e fastio
escapa-se pelas mucosas
negando os caminhos,
as mãos diligentes,
os olhos purulentos de sabedoria,
os instintos metidos em cascas.
Sobre a noite, sobre o riso vazio,
sobre a minha sombra engrandecida pela febre
mistura-se a chuva da indiferença
fossilizando ideias premáticas.

02 junho 2017

liliana lukin

Campo quirúrgico. 18

El invierno allí como un estado
de los seres y las cosas macerándose
en la necesidad, el vaho en las bocas,
la voluntad de amanecer atravesando
lo muerto del frío en los jardines.

(Nunca vi florecer como en la infancia
las flores de papel, los pensamientos,
las calas, los naranjos y el ciruelo,
donde mamá armaba los ramos
mientras amasaba mi destierro).

El color en las fotos: esos pétalos
secados en la estufa, devorando
la astucia del tiempo en el fermento,
el respirar atento de la criatura que soy
cuando no estoy aquí, cuando no he vuelto.

Ahora todo lo vivo participa en lo que vuelve
y come de mí, ese reclamo del mundo es
la condena por el crimen de escritura,
vivido como una
equivocación de la naturaleza.

Campo cirúrgico. 18

O inverno ali como um estado
dos seres e as coisas macerando-se
na necessidade, o bafejo nas bocas,
a vontade de amanhecer atravessando
o morto do frio nos jardins.

(Nunca vi florescer como na infância
as flores de papel, os pensamentos,
os lírios de água, as laranjeiras e a ameixeira,
onde a mãe armava os ramos
enquanto amassava o meu desterro)

A cor nas fotos: essas pétalas
secas na estufa, devorando
a astúcia do tempo no fermento,
o respirar atento da criatura que sou
quando não estou aqui, quando não voltei.

Agora todo o vivo participa no que volta
e come de mim, essa atração do mundo é
a condenação pelo crime de escrita,
vivido como um
equívoco da natureza.


26 maio 2017

mariel damián


A la escultura de Lady Godiva


Eres más bonita que todas las noches juntas que si algún día decidieras suicidarte, la muerte se enamoraría de ti e inmortalizaría tu existencia.

Te haría dueña del tiempo y del blancor de sus huesos

y cada noche paseando en el cementerio preguntaría por ti

para acurrucarse entre tus pechos de arena

esperando a que dijeras Agua y el cielo llorara en un azul verdoso

o dijeras Luz, Leche, Manto

y las flores crecieran en el cráneo escalfado del viento.


Tú caminas y el cuerpo de otros tiembla,

en el andar sigiloso de tu presencia, las arañas se emborrachan de poesía en los rincones.


No es culpa tuya la simetría de los miembros

Ni el trazo perfecto de los lunares en tu espalda.

Nada sabes de los electrones excitados dentro de los ojos que te miran.

Desconoces la agonía del poeta que escribe estas líneas a la música que eres cuando cantas.

Tuyos son los grillos en la cuna de la muerte y mío tu nombre prohibido que escribo en una tumba en el idioma de una estrella o de los peces.

Porque tuya es la maldición de existir a manera de un ombligo que al cubrirse hace la noche y al tocarse es paraíso.

Eres un campo minado de girasoles.

El paisaje es inundado por el trigal de tus cabellos y por tus muslos ondeando al sol como dos banderas de países diferentes.



À escultura de Lady Godiva


És mais bonita que todas as noites juntas, se algum dia decidisses suicidar-te, a morte

apaixonar-se-ia por ti e imortalizaria a tua existência.

Far-te-ia dona do tempo e da brancura dos seus ossos

e todas as noites ao passear no cemitério perguntaria por ti

para se aconchegar entre os teus peitos de areia

à espera que dissesses Água e o céu chorasse em azul esverdeado

ou dissesses Luz, Leite, Manto

e as flores crescessem no crânio escalfado do vento.


Caminhas e o corpo dos outros treme,

no andar sigiloso da tua presença, as aranhas embriagam-se de poesia nos cantos.


Não é culpa tua a simetria dos membros

Nem o traço perfeito do grão nas tuas costas

Nada sabes dos eletrões excitados dentro dos olhos que te miram.

Desconheces a agonia do poeta que escreve estas linhas perante a música que és quando cantas.


Teus são os grilos no berço da morte e meu o teu nome proibido que escrevo numa campa

no idioma de uma estrela ou dos peixes.

Porque tua é a maldição de existir a maneira de um umbigo que ao cobrir-se faz a noite e ao tocar-se é paraíso.

És um campo minado de girassóis.

A paisagem está inundada pelo trigal dos teus cabelos e pelas tuas coxas ondeando aom sol como duas bandeiras de países diferentes.



Mi mente en una cita


Tú miras mis ojos mientras hablas,

yo miro tus labios moverse.


Cada palabra que nace en tu boca

es un beso que he perdido.



A minha mente num encontro


Focas os meus olhos enquanto falas,

vejo o movimento dos teus lábios.


Cada palavra nascida na tua boca

é um beijo que me perdeu.


23 maio 2017

sofia fiorini

Se apro la finestra domattina
è per salutare la luce
che chiede il prezzo della notte
so di dover meritare
l’ombra che porto a passeggio,
o per riflesso di bestia
che non sa stare a lungo ferma.
Mi alzo come gli uomini addestrati
a cercare un senso tra colazione e cena.
Elefanti che non riescono a impazzire:
il nostro circo.

Quando amanhã de manhã abro a janela
é para saudar a luz
que inquire o preço da noite
- sei que tenho de merecer
a sombra com que passeio,
ou por reflexo da besta
que não sabe passar muito tempo detido.
Levanto-me como os homens formatados
procurando um sentido entre o pequeno almoço e a ceia.
Elefantes que não conseguem enlouquecer:

o nosso circo

18 maio 2017

carilda oliver labra

Anoche

Anoche me acosté con un hombre y su sombra.
Las constelaciones nada saben del caso.
Sus besos eran balas que yo enseñé a volar.
Hubo un paro cardíaco.

El joven
nadaba como las olas.
Era tétrico,
suave,
me dio con un martillito en las articulaciones.
Vivimos ese rato de selva,
esa salud colérica
con que nos mata el hambre de otro cuerpo.

Anoche tuve un náufrago en la cama.
Me profanó el maldito.
Envuelto en dios y en sábana
nunca pidió permiso.
Todavía su rayo láser me traspasa.

Hablábamos del cosmos y de iconografía,
pero todo vino abajo
cuando me dio el santo y seña.

Hoy encontré esa mancha en el lecho,
tan honda
que me puse a pensar gravemente:
la vida cabe en una gota.


Ontem à noite

Ontem à noite deitei-me com um homem e a sua sombra.
As constelações nada sabem do caso.
Os seus beijos eram balas que ensinei a voar.
Houve uma paragem cardíaca.

O jovem
nadava como as ondas.
Era tétrico,
suave,
deu-me com um martelinho nas articulações
Vivemos esse tempo de selva
essa saúde colérica
que nos mata a fome de outro corpo.

Ontem à noite tive um náufrago na cama.
Profanou-me o maldito.
Envolto em deus e em lençóis
nunca pediu licença.
O seu raio laser ainda me trespassa.
mas tudo caiu
quando me deu o símbolo.

Hoje encontrei esta mancha na cama
tão funda
que me pus a pensar gravemente:

a vida cabe numa gota.

14 maio 2017

xóchitl niezhdanova

Morbidez del atavismo

Se desliza por túneles de lava.
Olfatea febril, subterráneo,
gira al ritmo de un ritmo más lejano.
Corrompe el circuito de la noche.

Su ola de tentáculos pervierte el sueño,
calienta con hilo de su aliento el aire,
se delezna en la sangre y la subleva,
hace del vientre su refugio de los labios.

Con punta de esmeril el ansia orada,
la degrada a mustios reflejos de carne, desasosiego.

En el filo de sus fauces el cuerpo fulgura,
se desfiguran las formas entre los colmillos de su lascivo embate.

El deseo: péndulo que oscila en el sexo cavernoso de la noche.

En el lecho, la silueta sola, filtro de células, decanta miedo,
los tentáculos se entrelazan
con la respiración preñada de una sombra.

Brama la tierra.

Latigazo en la médula:
unos ojos abiertos tantean en el vacío la ausencia de los cuerpos.


Morbidez do atavismo

Desliza por túneis de lava.
Fareja febril, subterrâneo,
roda ao ritmo de um ritmo mais distante.
Corrompe o circuito da noite.

A sua onde de tentáculos perverte o sonho,
aquece com o fio do seu sopro o ar,
escorre pelo sangue, subleva-o,
faz do ventre o refúgio dos seus lábios.

Com ponta de esmeril a ansiedade orada,
degradação em murchos reflexos de carne, desassossego.

No gume das suas fauces o corpo fulgura,
desfiguram-se as formas entre os caninos do seu lascivo embate

O desejo: pêndulo que oscila no sexo cavernoso da noite.

Na cama, apenas a silhueta, filtro de células, decanta medo,
os tentáculos entrelaçam-se
com a respiração prenhe de uma sombra.

Brama a terra.

Chicotada na medula:
uns olhos abertos tenteiam no vazio a ausência dos corpos.


10 maio 2017

katia rejón


Acomodo un balde vacío
en medio de la sala
para atrapar la lluvia
pero ningún traste que amortigüe
el sudor de tierra que abolla las macetas de las rosas

La verdad es que hoy no estoy de humor para tantas guerras
para sembrar palmeras que den sombra a las estatuas,
también es bueno amar las cosas simples
las tazas y su olor a pan
el tiempo
calcular la hondura del mar
y suponer que es metálico
que hay historias dulces que no se cuentan porquesí
que hay cadáveres jugando al ajedrez
con la lengua del poema

me he tragado cenizas
y algunas onzas de desprecio
pero necesito un día
a lo mejor ser distante, huérfana de cuerpo
coser con tristeza
mi esqueleto


Está um consenso em balde vazio
no meio da sala
para recolher a chuva
sem pieguice que amorteça
o suor da terra que amolga os vasos das rosas.

A verdade é que hoje não estou para tantas guerras
para semear palmeiras formatadas para fornecer sombra às estátuas,
também é fixe amar as coisas simples
as xícaras com o seu cheiro a pão
o tempo
calcular as profundezas do mar
e supor que é metálico
que há histórias doces que não se narram porque sim
que há cadáveres a jogar xadrez
com a língua do poema.

engoli cinzas
e algumas onças de desprezo
mas preciso de um dia
quando muito ser distante, órfã de corpo
coser com tristeza

o meu esqueleto

05 maio 2017

estela figueroa

Naturaleza muerta

Tomates rojos
con una hendidura negra.
Limones amarillos
con pezones verdes.
Zanahorias erectas
papas ovales
bananas que yacen arqueadas.

Sexo sobre la mesa
donde amaso el pan.


Natureza morta

Tomates vermelhos
com uma fenda preta.
Limões amarelos
com mamilos verdes.
Cenouras eretas
batatas ovais
bananas que jazem arqueadas.

Sexo sobre a mesa
onde amasso o pão.

02 maio 2017

diana marcela gonzález

Pursuance

Errante, horadando el fulgor del mundo en los montes arcanos
Derribó estructuras para adentrarse en las laderas infatigables
de improvisaciones que son semejantes
a la espiral de fuego.
freejazz
Para ampliar el horizonte de la vida
De tal forma que el vuelo sea mayor
de alas de águila
de rayo infatigable que es rosa del sonido.

Pursuance

Errante, perfurando o fulgor do mundo nos montes arcanos
Derrubou estruturas para se adentrar nas ladeiras infatigáveis
de improvisações que são semelhantes
à espiral de fogo.
freejazz
Para ampliar o horizonte da vida
De tal forma que o voo seja maior
com asas de águia

de raio infatigável que é rosa do som.

30 abril 2017

maría malusardi

precipicios

tristeza de cuerpos infantiles en la palabra
no saben los padres:
entre la nieve y la teja la muerte
es un poeta umbilical
inacabado

precipícios

tristeza de corpos infantis na palavra
não sabem os pais:
entre a neve e a telha a morte
é um poeta umbilical

inacabado