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21 dezembro 2016

maria mercè marçal

Qui em dicta les paraules quan et parlo?
Qui m’incrusta de gestos i ganyotes?
Qui parla i fa per mi? És la Impostora.
M’habitava sense que jo ho sabés
fins que vingueres. Llavors va sorgir
de no sé quines golfes, com una ombra,
i em posseeix com un amant tirànic
i em mou com el titella d’una fira.
I sovint, al mirall, la veig a Ella
rescatada de no sé quina cendra.
No li facis cap cas quan Ella et parla,
encara que m’usurpi veu i rostre.
I si et barra la porta de sortida
amb el seu cos amorós i brutal
cal que la matis sense cap recança.
Fes-ho per mi també i en el meu nom:
Jo la tinc massa endins i no sabria
aturar-me al llindar del suïcidi.


Quem me dita as palavras quando te falo?
Quem me incrusta gestos e trejeitos?
Quem age e fala por mim? É a impostora.
Habitava-me sem que eu o soubesse
até que vieste. Então apareceu
não sei de que sótão, como uma sombra,
e possui-me como um amante tirano
e manipula-me como a uma marioneta de feira.
E muitas vezes, no espelho, olho para Ela
resgatada de não sei quais cinzas.
Não lhe dês troco quando Ela te fala,
mesmo que me usurpe voz e rosto.
E se te impedir a saída pela porta
com o seu corpo amoroso e brutal
tens que a matar sem dó nem piedade.
Fá-lo por mim também e em meu nome:
Vive tão dentro de mim que não saberia
deter-me no dintel do suicídio.