Mostrar mensagens com a etiqueta mariela cordero. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta mariela cordero. Mostrar todas as mensagens

04 junho 2021

mariela cordero

 

Un cuerpo al que pudieras hacer arder.


No veas detrás de mí la ristra de cadáveres

que parece asediarme y seguirme

desde un territorio caluroso y lejano.


No veas el signo de desamparo que hay en mis ojos,

febriles por ver tantos incendios.

No veas en mi carne el epítome de un país

ensangrentado.

No sientas en mi estremecimiento

el temblor

de los sufren,

este miedo es único y me pertenece,

no distingas en mi voz

alaridos de aparecidos,

concédeme el privilegio

de una desolación propia.

No veas en mi rostro

celajes

de ninguna patria

danzando con la muerte.

Sólo quiero que veas este cuerpo que soy,

sustancia persistente

sin espectros

piel y huesos.

Un cuerpo

al que pudieras hacer arder



Um corpo que poderias queimar


Não vejas atrás de mim a pilha de cadáveres

que parece assediar-me e seguir-me

de um território caloroso e distante.


Não vejas o sinal de desamparo que há em meus olhos,

febris de ver tantos incêndios.

Não vejas em minha carne o epítome de um país

ensanguentado.


Não sente em meu estremecimento

o tremor

dos que sofrem,

este medo é único e pertence-me,

não diferencies na minha voz

alaridos de aparecidos,

concede-me o privilégio

de uma desolação própria.


Não vejas em meu rosto

névoas

de nenhuma pátria

dançando com a morte.


Só quero que vejas este corpo que sou,

substância persistente

sem espectros

pele e ossos.

Um corpo

que poderia queimar.