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24 março 2021

marie-anne bruch

 

Quelques temps après ma première hospitalisation – il y a quinze ans – j’avais croisé par hasard dans la rue une jeune femme que j’avais connue à l’hôpital.

Au moment où je l’ai croisée, je ne délirais plus mais j’étais très tracassée par le contenu de mon ancien délire et très mortifiée d’avoir été enfermée.

Cette rencontre dans la rue avait été pour moi l’occasion de parler de mon expérience délirante à cette jeune femme, et de lui demander ses impressions sur le délire qu’elle avait traversé de son côté.

Elle avait répondu à mes questions avec beaucoup de réticence et je la sentais gênée d’être amenée sur ce sujet.

Elle m’avait tout de même confié que, dans son expérience, elle avait sauvé le monde et que son délire ressemblait à un film fantastique américain.

Au bout de quelques minutes, elle avait écourté notre entrevue et m’avait dit qu’elle espérait que nous parlerions d’autre chose si nous devions nous recroiser un jour.

Je m’étais aperçue, avec surprise, que le contenu d’un délire était une chose intime et honteuse qu’il fallait garder pour soi.

Pourtant, dans mon idée, cette sorte d’expérience était quelque chose de rare qui pouvait nous apprendre quelque chose sur notre esprit, voire même sur le monde.


Algum tempo após a minha primeira hospitalização - há quinze anos - encontrei na rua por acaso uma jovem que tinha conhecido no hospital.

No momento em que a vi, eu já não estava a delirar, mas estava muito atormentada com o conteúdo do meu antigo delírio e muito mortificada por ter sido enclaustrada.

Este encontro na rua tinha sido para mim uma ocasião para falar da minha experiência delirante a esta jovem, e de lhe perguntar as suas impressões sobre o delírio que ela tinha vivido pela sua parte.

Ela tinha respondido às minhas perguntas com muita relutância e sentia-a embaraçada por ser conduzida a este assunto.

Apesar de tudo, ela confidenciou-me que, na sua experiência, tinha salvo o mundo e que o seu delírio parecia um filme fantástico americano.

Ao fim de alguns minutos, ela encurtou a nossa reunião e disse-me que esperava que pudéssemos falar de outra coisa se nos encontrássemos de novo.

Apercebi-me, com surpresa, que o conteúdo de um delírio era uma coisa íntima e vergonhosa que era preciso guardar para si mesma.

Mesmo assim, na minha ideia, esse tipo de experiência era algo raro que nos podia ensinar algo sobre a nossa neura, ou mesmo sobre o mundo