Di notte, nel bosco
Sei venuto di notte, a mostrare
la faccia splendente dell’amore.
Tu parli, e nel bosco
si fanno velluto le ombre
sotto gli occhi attenti delle civette.
Io guardo altrove, ma nel buio
si accende il ricordo ai filari d’uva
dove nel corso del lungo pomeriggio
i grappoli si sono inzuccherati al sole.
Tu ridi, e i tassi nel folto del bosco
si attestano in posizioni più sicure.
Al sole del caldo pomeriggio
le pigne crocchiando si sono spaccate,
io ho raccolto i pinoli
li ho ordinati in fila ad uno ad uno.
Tu guardi, e mille occhi si accendono,
sguardi inquieti posano su di te.
Io cerco una scusa, un’attenuante,
ma dalla memoria dilatata e scomposta
mi risponde un brusio indecifrabile.
Tu chiedi, e la tiepida notte
si strappa in nastri di lutto, ali
di grandi uccelli in fuga
sfrangiano l’aria, mentre
inesorabile mi possiede
il corpo vischioso del diniego.
De noite, no bosque
Vieste à noite, para mostrar
o rosto esplendente do amor.
Falas, e na floresta
tornam-se de veludo as sombras
sob os olhos vigilantes das corujas.
Eu olho para o outro lado, mas na escuridão
acende-se a lembrança nas fileiras de uvas
onde no decorrer da longa tarde
os cachos adocicaram-se ao sol.
Tu ris, e os texugos na espessura do bosque
colocam-se em posições mais seguras.
No sol quente da tarde,
os ananases a estalar partiram-se,
recolhi os pinhões
coloquei-os em fila um a um.
Tu olhas, e mil olhos se acendem,
olhares inquietos pousam em ti.
Eu procuro uma desculpa, uma atenuante,
mas da minha memória dilatada e decomposta
responde um murmúrio indecifrável.
Tu perguntas, e a tíbia noite
rasga-se em fitas de luto, asas
de grandes pássaros em fuga
esvaziam o ar, enquanto
inexorável me possui
o corpo viscoso da negação.