Il y eut des jours
Il y eut des jours qui ne furent pas des jours
il y eut des nuits qui ne furent pas des nuits
car les jours s’évanouirent dans le vide
tandis que la nuit intensifiait leur chute
sacrifiant tout au silence.
L’âme, elle-même, louvoyait dans la vase
et les rêves stagnaient sans jamais parvenir
à atteindre le noyau terrestre où l’étoile
de cristal appelait de ses douze bras
la consonance humaine.
J’attendais l’algorithme du jour véritable
la simplicité d’une barque affrétée par le ciel
mais rien de désirable ne vint calmer
l’arythmie de mon horizon où seul le chant
de la mer sous le déploiement des vagues.
avec ma solitude se risquait à l’amble.
Je ramassais des galets polis à la perfection
ils étaient menus comme les cris que ma respiration
suspendait à la verticale de mes aspirations
des dents de lait, pensai-je !
Dans ma folie d’écrire
les mots ne lèvent pas des cailloux
ni ne secouent la boîte des dents, petites
sur les consciences
tout n’est que mur de feuilles
et l’arbre est caduc — bientôt
il perdra son rideau vert -
peut-être verrons-nous, cet hiver
son œil pâle se fendre de milliers de fenêtres
pour peu qu’on ose considérer les vides.
Chaque feuille du décor
est à saisir telle que branche l’offre
qu’elle soit parfaitement configurée
ou que ses contours soient grignotés.
Le crayon de bois est plus tranchant
qu’un canif, il entaille l’écorce de l’âme
feuillage pour y graver des initiales — des jours !
Il consigne les existences
dans la persistance de la beauté
Estiveram dias
Estiveram dias que não foram dias
estiveram noites que não foram noites
porque os dias desvaneceram-se no vazio
enquanto a noite intensificava a sua queda
sacrificando tudo ao silêncio.
A alma, ela mesma, relevava no vaso
e os sonhos estagnavam sem nunca chegarem
na espera do núcleo da Terra ou da estrela
de cristal chamava com os seus doze braços
a consonância humana.
Eu esperava o algoritmo do dia real
a simplicidade de um barco fretado pelo céu
mas nada de desejável veio acalmar
a arritmia do meu horizonte ou apenas o canto
do mar sob o desdobramento das ondas.
com a minha solidão ir à procura do que não há.
Eu recolhia pedras polidas em perfeição
eram pequenas como os gritos que a minha respiração
penduradava na vertical das minhas aspirações
Dentes de leite, pensei eu!
Na minha loucura de escrever
as palavras não levantam pedras
nem agitam a caixa dos dentes, pequenos
sobre as consciências
é tudo uma parede de folhas
e a árvore está caduca - em breve
perderá a sua cortina verde
talvez vejamos, este inverno
o seu olho pálido rachar milhares de janelas
por pouco que ousemos considerar os vazios.
Cada folha da decoração
deve ser apreendida tal como o ramo a oferece
esteja perfeitamente configurada
ou que os seus contornos estejam mordidos.
O lápis de madeira é mais afiado
que um canivete, lasca a casca da alma
folhagem para aí gravar iniciais - dias!
Regista as existências
na persistência da beleza