Mostrar mensagens com a etiqueta carole naggar. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta carole naggar. Mostrar todas as mensagens

12 dezembro 2023

carole naggar


Le Caire quitté
Les mots de la langue que je ne connais pas
Sont des morts attachés à mes chevilles de vivante
Ou ces poids de fer
Que les morts eux-mêmes ont aux chevilles
Quand leur cimetière est la mer.
 
Apprendre cette langue c’est retrouver ces mots ils raclaient
Sous mes mots français jamais lisses
Même si je parle sans accent.
 
Le Caire
Quitté
Se tient encore entre ma vie et moi
Entre les yeux et le regard, le papier et la main
Cité carrée dans ma gorge
Moellons ruinés qui obstruent ma voix
Chair que je taille quand j’écris.
 
Le Caire cœur quitté
J’entends d’ici tes battements
Je te bois comme un carcadé
Sombre fraîcheur, plus sang que vin,
Je te reconnais bien, récit de récit
Pour ne t’avoir vu qu’une fois ou jamais
Et tu retrembles.
Je souris de savoir d’un coup
Que les villes antérieures ne pouvaient être que ton écho
O voyages au bout d’un fil
 
Les mots de la langue que j’apprends
Ont mémoire d’une mort
D’éparpillement du nom
D’usure d’épuisement de perte
Mots pareils à l’eau du bout-du-pays d’Égypte
Quand le delta était le bout du monde.
 
L’exil les fit dormir debout comme des chevaux
Ils effeuillent depuis les pelures du doute
Cherchant à se recoudre au temps, à vif cherchant
Nouvelle reliure
 
Mais que je te quitte encore, le Caire !
Que je retrouve en toi ce qui fut mien, que je
M’approprie ta poussière.
Que je te quitte
Pour me reprendre
 
 
 
Deixado o Cairo
As palavras da língua que não conheço
São mortos presos aos meus tornozelos de vivente
Ou esses pesos de ferro
Que os mortos eles próprios têm nos tornozelos
Quando o cemitério deles é o mar.
 
Aprender esta língua é encontrar as palavras raspantes
Por baixo das minhas palavras em francês nunca lisas
Mesmo que eu fale sem sotaque.
 
O Cairo
Deixado
Ainda está entre mim e minha vida
Entre os olhos e o olhar, o papel e a mão
Cidade quadrada na minha garganta
Pedras soltas arruinadas que obstruem a minha voz
Carne que corto quando escrevo.
 
Cairo coração deixado
Oiço daqui os teus pulsares
Bebo-te como uma infusão
Frescor escuro, mais sangue que vinho,
Reconheço-te bem, narrativa de narrativa
Por só te ter visto uma vez ou nunca
E tu voltas a rebobinar.
Sorrio por saber de repente
Que as cidades anteriores só poderiam ser o teu eco
Ó viagens penduradas por um fio
 
As palavras da língua que estou a aprender
Têm memória de uma morte
De dispersão do nome
De usura da exaustão da perda
Palavras semelhantes à água do fim do país do Egito
Quando o delta era o fim do mundo.
 
O exílio fê-los dormir de pé como cavalos
Depois arrancam as peles da dúvida
Procurando  a sua costura no tempo, procurando vivamente
Nova encadernação
 
Mas que eu te deixe outra vez, Cairo!
Que eu encontro em ti o que era meu, que eu
Me aproprio do teu pó.
Que eu te deixe
Para me retomar