Atravieso el vientre
de la tierra
con mis alas
añejadas de soles ya desnudos
traspaso su carne
como si derribara
cada muro
que ha intentado
separarme de mi bestia envenenada.
La recupero la
alimento la echo a volar
se hace sangre
devora cada una de
mis sombras
degolla mis nombres,
todo estéril pensamiento
hace de mis pechos
flamas inmortales
y de mis ojos
profundos lagos para gemir
Mi bestia ha vestido
mi cuerpo
ha tensado mis
huesos
ha hecho de mí, su
ser
y ha destronado para
siempre
mis viejas
y duras
máscaras.
Atravesso o
ventre da terra
com as minhas
asas amadurecidas por sóis já nus
trespasso a sua
carne
como se
derrubasse cada um dos muros
que me tentaram
separar do meu animal envenenado.
Recupero-o,
alimento-o, ponho-o a voar
faz-se sangue
devora cada uma
das minhas sombras
degola os meus
nomes, tudo estéril pensamento
faz dos meus
peitos chamas imortais
e dos meus olhos
profundos lagos para gemer
O meu animal
vestiu um corpo
esticou os meus
ossos
fez de mim o seu
ser
e destronou para
sempre
as minhas velhas
e duras
máscaras