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24 julho 2021

pascale bouhénic

 

L’hérédité humaine


Bien arrivée à Jujurieux

Après un arrêt à Saulieu

Terre du sculpteur Pompon

Qui fut un élève de Rodin.

La patronne du restaurant

(Qui sert une cuisine bourgeoise

Comme dans les restos autrefois)

Me touche à un bizarre endroit.

A la regarder, elle est une parfaite réplique

De mon cher père

Non dans ses traits, c’est entendu

Mais dans cette manière affolée, qu’elle a de commenter le menu.



Ce qu’elle fait sans se faire prier aucunement

Prenant son temps et digressant

Ecorchant le coq, étripant l’âne

Et la façon dont elle s’emmêle les pinceaux, trop longuement

Sans flancher, me touche violemment, c’est idiot.

Je l’ai prise en sympathie pour cela

Baissant les yeux sur la nappe à carreaux

Déjà remplie de miettes

(Je meurs de faim c’est évident).

Car j’ai hérité de ces glissades, de ces cabrioles

De ces accidents brutaux, de tous ces mots qui dégringolent

A toute vitesse sur la table.



A hereditariedade humana


Chegada a Jujurieux

Após uma paragem em Saulieu

Terra do escultor Pompon

Que foi aluno de Rodin.

A dona do restaurante

(Que serve uma cozinha burguesa

Como nos velhos restaurantes)

Toca-me num sítio estranho.

Olhando para ela, é uma réplica perfeita

Do meu querido pai

Não nos seus traços, claro

Mas nesse modo agitado com que comenta o menu.


O que ela faz sem fazer rezas de nenhuma maneira

Demorando o seu tempo e digerindo

Depenando o galo, estripando a mula

E a forma como ela fica muito tempo atónita

Sem se ir abaixo, toca-me violentamente, é estúpido.

Simpatizei com ela por isso

Baixando os olhos para a toalha de mesa axadrezada

Já cheia de migalhas

(estou a morrer de fome, claro).

Porque herdei esses resvalos, essas cabriolas

Esses acidentes brutais, todas essas palavras que se estatelam

A toda a velocidade sobre a mesa.