L’hérédité humaine
Bien arrivée à Jujurieux
Après un arrêt à Saulieu
Terre du sculpteur Pompon
Qui fut un élève de Rodin.
La patronne du restaurant
(Qui sert une cuisine bourgeoise
Comme dans les restos autrefois)
Me touche à un bizarre endroit.
A la regarder, elle est une parfaite réplique
De mon cher père
Non dans ses traits, c’est entendu
Mais dans cette manière affolée, qu’elle a de commenter le menu.
Ce qu’elle fait sans se faire prier aucunement
Prenant son temps et digressant
Ecorchant le coq, étripant l’âne
Et la façon dont elle s’emmêle les pinceaux, trop longuement
Sans flancher, me touche violemment, c’est idiot.
Je l’ai prise en sympathie pour cela
Baissant les yeux sur la nappe à carreaux
Déjà remplie de miettes
(Je meurs de faim c’est évident).
Car j’ai hérité de ces glissades, de ces cabrioles
De ces accidents brutaux, de tous ces mots qui dégringolent
A toute vitesse sur la table.
A hereditariedade humana
Chegada a Jujurieux
Após uma paragem em Saulieu
Terra do escultor Pompon
Que foi aluno de Rodin.
A dona do restaurante
(Que serve uma cozinha burguesa
Como nos velhos restaurantes)
Toca-me num sítio estranho.
Olhando para ela, é uma réplica perfeita
Do meu querido pai
Não nos seus traços, claro
Mas nesse modo agitado com que comenta o menu.
O que ela faz sem fazer rezas de nenhuma maneira
Demorando o seu tempo e digerindo
Depenando o galo, estripando a mula
E a forma como ela fica muito tempo atónita
Sem se ir abaixo, toca-me violentamente, é estúpido.
Simpatizei com ela por isso
Baixando os olhos para a toalha de mesa axadrezada
Já cheia de migalhas
(estou a morrer de fome, claro).
Porque herdei esses resvalos, essas cabriolas
Esses acidentes brutais, todas essas palavras que se estatelam
A toda a velocidade sobre a mesa.