Cielo Zambo
(París africano)
La rata azul es ciega
En su paseo nocturno ha calculado esta desgracia
Suma
El quipu hambriento anuda el limbo
Vino llegando trajinada de los sures olvidados
un cuerpo más, la miscelánea del topo
La multitud sedienta se incomoda
Un hueco en el tambor
Brilla el sudor
Lágrima prieta cae en la cabeza de un gendarme
El lánguido oropel se despelleja en balas
Embajadas, ritmos,
desazones,
cayeron los soldados y las sillas
la explosión inaudita del pentagrama
bataclán se acurrucó en la metonimia
habemus más dioses que grupos de rock
je sui un migrante más, soy el truco del pobre
un corolario
un texto para todos
un laberinto
no es así el horror, no es así la muerte
no es así la intensidad de la garganta atorada con claveles
es tan apático el motor de los pueblos saciados
pan
más pan vestido de glamour
los pallares
las vacas engordadas con clorofila sintética
este es el viaje de las estrellas quebradas
al corazón moro de la subasta
no, no mires para atrás no recojas las prendas
de tus hermanos suicidados
no enjuagues tus cabellos en brea y esmeraldas
este cielo es nuevo, pero está lleno de ratas
no es celeste no es sano no es materno
es un sonido caliente hiriendo
con sus brasas
cada caja registradora en los museos
es sangre que revive la flor acicalada con malicia
con perfume de café extraído al tacto
este cielo agreste de gravitación kármika
cae el mundo en mi mano y se rehace.
Céu Torto
(Paris africana)
O rato azul é cego
No seu passeio noturno calculou esta desgraça
Soma
O quipo faminto amarra o limbo
Veio chegando trazida dos suis esquecidos
um corpo mais , a miscelânea da toupeira
A multidão sedenta incomoda-se
Um buraco no tambor
Brilha o suor
Lágrima dura cai na cabeça de um gendarme
O lânguido ouropel descasca-se em balas
Embaixadas, ritmos,
desassossegos,
caíram os soldados e as cadeiras
a explosão inaudita do pentagrama
Bataclan se acumulou na metonímia
Habemus mais deuses que grupos de rock
je suis mais um migrante, sou o truque dos pobres
um corolário
um texto para todos
um labirinto
não é assim o horror, não é assim a morte
não é assim a intensidade da garganta engasgada com cravos
é tão apático o motor dos sítios saciados
pão
mais pão vestido em glamour
os feijões
vacas engordadas com clorofila sintética
esta é a viagem das estrelas quebradas
ao coração mouro do leilão
não, não olhes para trás não recolhas as roupas
dos teus irmãos suicidados
não enxagues os seus cabelos em breu e esmeraldas
este céu é novo, mas está cheio de ratos
não é celeste não é são não é materno
é um som quente ferindo
com suas brasas
cada caixa registadora nos museus
é sangue que revive a flor polido com malícia
com perfume de café extraído pelo tato
este céu agreste de gravitação cármica
Cai o mundo nas minhas mãos e se refaz.