A Ecorner les bœufs
Le vent mugit à écorner les bœufs
Son souffle essore le silence
des arbres
Les plaies sècheront vite
la bouche du paysage est grande ouverte
sur les ocelles de sang
Sur les ocelles de sang
pas une mouche
Herbes et branches ont comblé la terre absente
se décomposent
se recomposent
soudain sismiques
au gré des spirales d’air qui les traversent
Le vent emporte dans son ressac
les âmes chères
qui flottent
parfois
encore un peu
sur les ocelles du temps
et saccadées
tombent
Cornes coupées
Tirar os cornos aos bois
O vento uiva a tirar os cornos aos bois
O seu sopro esgota o silêncio
das árvores
As feridas secarão depressa
a boca da paisagem está muito aberta
sobre os ocelos de sangue
Sobre os ocelos de sangue
não uma mosca
Ervas e ramos preencheram a terra ausente
decompõem-se
recompõem-se
de repente sísmicas
ao sabor das espirais de ar que as atravessam
O vento leva na sua maré
as almas queridas
que flutuam
às vezes
ainda um pouco
nos ocelos do tempo
e saqueadas
caem
Cornos cortados.