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27 julho 2022

perla rivera

 

Debajo de mi falda


Hace siglos, desde que me hice niña he podido sacarme el corazón y decorarlo con cintas, clavarle alfileres, dejarlo sangrar y seguir jugando. Hace siglos, cuando mis cabellos eran una cascada sobre las piedras, yo volteaba y sonreía frente al movimiento del agua, mordía mis labios.


Mis pasos oscilan en una cuerda hecha con mis propias arterias, el abismo no es más que un motivo. Ser mujer fue siempre el salón de los vientos, de música y aullidos.


El vientre ha sido motivo de censura y de espasmos. Olas y mar salvaje que se abre a la vida, que se multiplica en eslabones de ceniza. Un ejército de frases mudas muere con un rostro que se ha anclado en la palma de mi mano, esa mano acusada de fornicar y ceder a los delirios.


No soy de jaulas en mis cuerdas vocales ni en ningún átomo de mi cuerpo, y a


pesar de los reparos, cada vez que digo mujer, desnudez, amor, sexo, debajo de mi falda hay un suicidio colectivo de estrellas.




Debaixo da minha saia


Há séculos, desde que me tornei menina, pude tirar o coração e decorá-lo com fitas, cravar-lhe alfinetes, deixá-lo sangrar e continuar a brincar. Séculos atrás, quando os meus cabelos eram uma cascata sobre as pedras, eu voltejava e sorria diante do movimento da água, mordia os meus lábios.


Os meus passos balançam numa corda feita com as minhas próprias artérias, o abismo não é mais que um motivo. Ser mulher sempre foi o salão dos ventos, de música e uivos.


O ventre tem sido motivo de censura e de espasmos. Ondas e mar selvagem que se abre à vida, que se multiplica em elos de cinza. Um exército de frases mudas morre com um rosto que se ancorou na palma da minha mão, essa mão acusada de fornicar e ceder aos delírios.


Não sou de gaiolas nas minhas cordas vocais nem em nenhum átomo de meu corpo, e a


pesar das reservas, cada vez que digo mulher, nudez, amor, sexo, debaixo da minha saia há um suicídio colectivo de estrelas.