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18 setembro 2022

olga orozco

 

Cuando alguien se nos muere


Fue necesario el grave, solitario lamento del viento entre los árboles,

para que tú supieras más que nadie ese desesperado resonar,

ese rumor sombrío con que pueden decirse las palabras

cuando de nada vale su fugaz melodía,

cuando en la soledad —la única apariencia verdadera—,

contemplamos, callando, los seres y los tiempos que fueron en nosotros

irrevocables muertes cuyos nombres no sabremos jamás.


Fue necesario el ocio de aquellas largas noches

que minuciosamente ordenaste en recuerdos, memorioso,

para que tú pasaras sosteniendo la sombra con tu sombra,

apenas presentida por los días,

con tu misma pausada palidez demorándose aún después de haberte ido,

porque era tu adiós la despedida última,

la última señal que acercaba los sueños desde el incontenible amanecer.


Fue necesario el lento trabajo de los años,

su rápido fulgor, su mustio decaer entre pesados muros

que sólo levantaron respuestas de ceniza a tu llamado

para que tú miraras largamente tus despojadas manos

como una llanura donde los vientos dejan polvaredas mortales,

mientras disponen, lejos,

la tempestad que arrase desmedida su sediento destino.


Fue necesario todo lo que fuimos contigo,

lo que somos contigo del lado de los llantos,

para saber, viviendo, cuánta sorda tiniebla te asediaba

y encontrarnos, después,

Con el transido resplandor del aire que dejaste muriendo.


Porque todo este tiempo

es el innumerable testigo que nos trae las mismas evidencias,

aquello en lo que fuiste cuanto eras, de una vez para siempre:

acostumbrados gestos,

ciertos ritos que cumpliera tu sangre sumisa a la memoria,

esos nocturnos pasos acercando los campos

donde la luz es sólo un repetido comienzo de penumbras,

las remotas paredes, las efímeras cosas a las que retornabas

con la triste paciencia de quien guarda afanoso, en la mirada,

paisajes habituales que más tarde

aliviarán el peso de las horas en sabido destierro.


Tú pedías tan poco.

Apenas si anhelas un tranquilo vivir que prolongara la duración de tu alma

en idéntico amor,

en radiante amistad, en devoción sagrada

por gentes que existieron con la simple nobleza de la tierra,

sin glorias ni ambiciones.

Tú amabas lo inmortal, lo grandioso terrestre.


Mas no pudo el débil llamado de tu vida contra pesadas puertas

aposentos malditos, épocas miserables

donde la dicha duerme sordamente su legendario olvido—,

nada tu lejanía contra las invencibles mareas de lo inútil,

nada tu juventud contra ese rostro

que entre desalentadas rebeldías, nostalgias y furiosas pesadumbres,

infatigablemente se asomó a tus desvelos;

y unas noche sentimos dentro del corazón un ronco oleaje,

amargamente vivo,

en el preciso sitio donde ardía en nosotros,

como nosotros mismos duradera,

tu callada grandeza.


Ahora estamos más solos por imperio de muerte,

por un cuerpo ganado como un palmo de tierra por la tierra baldía,

recobrando al conjuro del más lejano soplo

realidades perdidas en lo más olvidado de los antiguos días,

imágenes que juntos traspasamos, que juntos nos esperan;

porque no es el recuerdo del pasado dispersos ademanes

hojarascas y ramas que encendemos

para llorar al humo de una lánguida hoguera—,

sino fieles señales de una región dormida que aguarda nuestro paso

con las huellas de antaño suspendidas como eternos ropajes.


No es por decir, Eduardo, cuando alguien se nos muere,

no hay un lugar vacío, no hay un tiempo vacío,

hay ráfagas inmensas que se buscan a solas, sin consuelo,

pues aquí, y más allá,

tanto de lo que él fue respira con nosotros la fatiga del polvo pasajero,

tanto de lo que somos reposa irrecobrable entre su muerte

que así sobrevivimos

llevando cada uno una sombra del otro por los distantes cielos.

Alguna vez se acercarán,

Entonces, cuando estemos contigo para siempre,

Últimos como tú, como tú verdaderos.




Quando alguém nos morre


Foi necessário o grave, solitário lamento do vento entre as árvores,

para que soubesses mais que ninguém esse desesperado ressoar,

esse rumor sombrio com que se podem dizer as palavras

quando de nada vale a sua fugaz melodia,

quando na solidão - a única aparência verdadeira -,

contemplamos, não falando, os seres e os tempos que foram em nós

irrevogáveis mortes cujos nomes nunca saberemos.


Foi necessária a lassidão daquelas longas noites

que minuciosamente ordenaste em recordações, memorioso,

para que passasses segurando a sombra com a tua sombra,

muito pouco pressentida pelos dias,

com a tua própria palidez pausada, mesmo depois de partires,

porque era o teu adeus a última despedida,

o último sinal que aproximava os sonhos desde o irreprimível amanhecer.


Foi necessário o lento trabalho dos anos,

o seu rápido fulgor, a sua murchandade decair entre paredes pesadas

que só levantaram respostas de cinzas ao teu chamado

para que olhasses longamente as tuas despojadas mãos

como uma planície onde os ventos deixam poeiras mortais,

enquanto dispõem, ao longe,

a tempestade que varre desmedida o seu sedento destino.


Foi necessário tudo o que fomos contigo,

o que somos contigo do lado dos prantos,

para saber, vivendo, quanta surda escuridão te assediou

e encontrarmo-nos, depois,

Com o brilho transido do ar que deixaste a morrer.


Porque todo este tempo

é a inumerável testemunha que nos traz as mesmas evidências,

aquilo em que foste quando eras, de uma vez por todas:

costumeiros gestos,

certos ritos que o teu sangue cumprisse submisso à memória,

esses noturnos passos aproximando os campos

onde a luz é apenas um repetido começo de penumbras,

as remotas paredes, as efémeras coisas às quais retornavas

com a triste paciência de quem guarda com afã, no olhar,

paisagens habituais que mais tarde

aliviarão o peso das horas no sabido desterro.


Pedias tão pouco.

Apenas desejavas um tranquilo viver que prolongasse a duração da tua alma

em idêntico amor,

em radiante amizade, em devoção sagrada

por gentes que existiram com a simples nobreza da terra,

sem glórias nem ambições.

Amavas o imortal, o grandioso terrestre.


Mas não pôde o débil chamado da tua vida contra pesadas portas

aposentos malditos, épocas miseráveis

onde a fortuna dorme surdamente seu legendário esquecimento,

nada a tua distância contra as invencíveis marés do inútil,

nada a tua juventude contra esse rosto

que entre desalentadas rebeldias, nostalgias e furiosos pesadelos,

incansavelmente assomou aos teus olhos;

e algumas noites sentimos dentro do coração uma ondulação rouca,

amargamente viva,

no preciso lugar onde ardia em nós,

como nós mesmos duradouro,

a tua calada grandeza.


Agora estamos mais sós por império de morte,

por um corpo ganho como um palmo de terra pela terra baldia,

recuperando o feitiço do mais longínquo sopro

realidades perdidas no mais esquecido dos antigos dias,

imagens que juntos atravessamos, que juntos nos esperam;

porque não é a lembrança do passado dispersos ademanes

- folhas e ramos que acendemos

para chorar ao fumo de uma lânguida fogueira -,

mas sinais fiéis de uma região adormecida que aguarda a nossa passagem

com os vestígios de outrora suspensos como roupas eternas.


Não é falar por falar, Eduardo, quando alguém nos morre,

não há um lugar vazio, não há um tempo vazio,

há rajadas imensas que se procuram a sós, sem consolo,

assim aqui, e mais além,

tanto do que ele foi respira conosco a fadiga do pó passageiro,

tanto do que nós somos descanso irrecobrável entre a sua morte

que assim sobrevivemos

levando cada um uma sombra do outro pelos céus distantes.

Alguma vez se aproximarão,

Então, quando estivermos contigo para sempre,

Últimos como tu, como tu verdadeiros.