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14 maio 2023

silvia baron supervielle

 

dans les tiroirs de l’armoire

la valise vide les coins inanimés

sur l’étagère dans les miroirs

enchaînés l’escalier l’étalage

de la rue permanente pressée

au fond du jour du sac des poches

d’où viennent toutes ces clefs

le fleuve les arbres les coupoles

qui coulent avec le vent le virage

depuis longtemps contre le lit

le mur revenir sur ses pas demander

mais les gens ne sont pas d’ici

j’ai perdu quelque chose au large

de l’espace la mer le désert

au seuil d’une ombre disparue

 


 

nas gavetas do armário

a mala esvazia os cantos inanimados

nas estantes nos espelhos

acorrentadas a escada a mostra

da rua permanente com pressa

no fundo do dia do saco dos bolsos

de onde vêm todas estas chaves

o rio as árvores as copulas

que fluem com o vento o tornado

há muito tempo contra a cama

a parede voltar atrás os seus passos pedir

mas as pessoas não são daqui

perdi qualquer coisa fora

do espaço o mar o deserto

no limiar de uma sombra desaparecida