GENEALOGÍA
manos de tierra que se esconden
ojos de madre, boca de madre
—el cuerpo nos delata,
detestamos, adornamos esta huella de las otras—
delator de una comunidad de parecidos
arrugas que se asoman
—son las de mi abuela
como parte de las historias de otras
—probablemente nuestras hijas también rechacen
bordeado por cuerpos escondidos,
otros cuerpos perdidos, que nunca dijeron
demasiado
—Cuerpos en silencio—
que no es mío,
que es lo único que tengo
—me siento en casa cuando miro estas piernas
vamos todas juntas, nos acompañamos—
mãos de terra que se escondem
olhos de mãe, boca de mãe
-o corpo denuncia-nos,
detestamos, adornamos esta pegada das outras-
delator de uma comunidade de parentecidos
rugas que brotam
-são da minha avó
no dia em que nasci
como parte das histórias de outras
-provavelmente as nossas filhas também recusam
o reflexo cotidiano-
rodeado por corpos escondidos,
outros corpos perdidos, que nunca disseram
muito
- Corpos em silêncio-
que não é meu,
que é tudo o que tenho
-sinto-me em casa quando olho estas pernas
vamos todas juntas, acompanhadas por nós