Mostrar mensagens com a etiqueta maría castrejón. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta maría castrejón. Mostrar todas as mensagens

12 dezembro 2022

maría castrejón

 

No me sale del coño

escribir

me sale de los orificios de mis orejas

del recuerdo de unos

pendientes

de un hilo

dental

del hueco de tu muela


No me sale del coño

me sale de la vista cansada de pagar a Autónomos,

ni siquiera mi hijo

me salió del coño,

me sale de las cicatrices de las bicicletas

de los ojos frescos de los pescados

de las lenguas de los corderos

del coño de los otros

de la ausencia del frasco

de las pequeñas esencias

del olor a sudor en los colegios


No me sale del coño

escribir

me sale de los cobardes

que se comen a los muertos

y a los enfermos

que los arropan mientras hablan por teléfono

de las bragas talla –s


Nada me sale del coño

ni me entra

no tengo coño

Me sangra la mano

cuando escribo:

¡No me sale del coño

escribir!”


No me sale pedir la vez

meto los pies

sin permiso

en el vaso de agua

me ahogo en el supermecado

y en los tenedores

me sale moho en la cortina

se me cae el alcohol de la cerveza


¡No me sale!

¡No me sale!

¡No me entra

en la cabeza!


No me sale del coño

escribir

me sale de los máster del universo

editorial

económico,

ni siquiera mi hijo me salió del coño

No tengo coño

¡no me sale del coño tener coño!

No me sale del coño

escribir

me sale del agujero del mundo




Não me sai da cona

escrever

sai-me dos buracos das minhas orelhas

da memória de uns

brincos

de um fio

dental

do buraco do teu molar


Não me sai da cona

sai-me da vista cansada de pagar aos Autónomos,

nem sequer o meu filho

me saiu da vagina,

sai-me das cicatrizes das bicicletas

dos olhos frescos dos peixes

das línguas dos borregos

da cona dos outros

da ausência do frasco

das pequenas essências

do cheiro a suor nas escolas


Não me sai da cona

escrever

sai-me dos covardes

que comem os mortos

e os doentes

que os aconchegam enquanto falam ao telefone

das calcinhas tamanho -s


Nada me sai da cona

nem me entra

não tenho rata

Sangra a minha mão

quando escrevo:

"Não me sai da cona

escrever!"


Não me sai pedir a vez

meto os pés

sem permissão

no copo de água

afogo-me no supermecado

e nos garfos

Sai-me mofo na cortina

cai-me o álcool da cerveja


Não me sai!

Não me sai!

Não me entra

na cabeça!


Não me sai da cona

escrever

sai-me dos mestres do universo

editorial

económico,

nem sequer o meu filho me saiu da cona

Não tenho buceta

Não me sai da cona ter cona!

Não me sai da cona

escrever

sai-me do buraco do mundo