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29 outubro 2022

gloria fortún

 

a lo lejos podíamos ver ya los esqueletos de las Torres KIO, que aun moribundas jamás habían dejado de intentar besarse


ao longe podíamos ver já os esqueletos das Torres KIO, que mesmo moribundas jamais haviam deixado de tentar beijar-se


camino por la ciudad oscura y como siempre que voy por la calle y es de noche hago un Poema nuevo con la cabeza y con la boca


ando pela cidade escura e como sempre que vou pela rua e é de noite faço um Poema novo com a cabeça e com a boca


En la Sierra, la noche es tan profunda como los túneles de los perros de las praderas. Se escuchan las veletas que chirrían en los tejados y en los tendederos de los patios bailan su danza parsimoniosa los edredones bordados a mano. Pero al traspasar las puertas abatibles de la cantina todo es de color naranja llamarada y rojo franela


Na Serra, a noite é tão profunda como os túneis dos cães das pradarias. Ouvem-se os cata-ventos que chiam nos telhados e nos varais dos pátios dançam sua dança parcimoniosa os edredons bordados à mão. Mas ao atravessar as portas dobráveis da cantina tudo é de cor de laranja queimada e vermelho flanela


cualquier vida que se hace añicos es un portal hacia la posibilidad


qualquer vida que se desfaz em pedaços é um portal para a possibilidade


ahora me doy cuenta de que Lobasola no fue amor, fue un trasplante de corazón. Yo lo di y ella lo recibió


agora dou-me conta que Lobasozinha não foi amor, foi um transplante de coração. Eu dei-o e ela recebeu-o


15 maio 2021

gloria fortún

 

1

¿Por qué no soñarla? No a su costa, no a mi antojo, no a nuestro pesar.

Soñarla recogiendo así el milagro de que cuando llueve en su tejado lo hace también en el mío. Entonces nos decimos qué tormenta tan azul, qué añoranza tan verde, palabras que se evaporan y caen sobre nosotras atravesándonos la ropa.

Soñarla celebrando así que me ama aunque no haga falta, no nos pertenezcamos ni nos necesitemos, o precisamente por eso, por este amor sin descendencia y sin suelo del que nunca sabrán nada nuestros padres muertos.

Soñarla, sí, por qué no, sin inventarla, envuelta en un manto estrellado de irrenunciable verdad, tal y como es conmigo, tal y como no puede ser conmigo, besándome en Oniria, eso sí, con la misma vehemencia con la que no me besa en Realidad.

Y algún día con estupor seremos viejas, no queda tanto, y le diré te he soñado siempre y ella me responderá y quién te crees que te ponía las manos sobre los párpados para que pudieras hacerlo.


1

Por que não a sonhar? Não às suas custas, não a meu desejo, não a nosso pesar.

Sonhá-la recolhendo assim o milagre de que quando chove no seu telhado o faz também no meu.

Então dizemos a nós mesmos que tempestade tão azul, que saudade tão verde, palavras que se evaporam e caem sobre nós atravessando as nossas roupas.

Sonhá-la celebrando assim que me ama embora não seja preciso, não nos pertençamos nem nos necessitemos, ou precisamente por isso, por este amor sem descendência e sem chão do qual nunca saberão nada os nossos pais mortos.

Sonhá-la, sim, porque não, sem a inventar, envolta num manto estrelado de irrenunciável verdade, tal qual é comigo, tal qual não pode ser comigo, beijando-me em Oníria, isso sim, com a mesma veemência com que não me beija na Realidade.

E um dia com espanto seremos velhas, não fica muito, e dir-lhe-ei sonhei-te sempre e ela responder-me-á e quem achas que te punha as mãos sobre as pálpebras para que o pudesses fazer.