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14 julho 2021

teresa orbegoso

 

Abro el miedo. Mi cáncer escucha el silencio de mis órganos. Los hilos negros de la calma. Pregunto a mi cáncer. A ese Dios melancólico y persistente que me taladra. La espera de su respuesta me deja ver que las cosas no pesan. Ánimo. Crema de cúrcuma y agua de repollo para el dolor. Todos se van y yo me quedo. En mi cuarto atiende una enfermera migrante. Mi cáncer sigue escuchando atentamente el silencio de mis órganos. La enfermera escribe en su cuaderno: cuerpo mojado, leche de madre, da laespalda. Mi cáncer me mira a la distancia. Sonríe y sigue su camino hacia la ciudad de las enfermedades. Las batas blancas y las ambulancias transportan el sonido de la libélula. La ciudad de lasenfermedades contiene al amor de madre y su violencia. Junto a mi cama, en un frasco de vidrio, el lloro de los virtuosos y de los piadosos. Las cosas se terminan como nosotros. A lo lejos, la caja de inyecciones como un juguete extraviado.


Abro o medo. O meu cancro escuta o silêncio dos meus órgãos. Os fios negros da calma. Pergunto ao meu cancro. A esse Deus melancólico e persistente que me perfura. A espera da sua resposta deixa-me ver que as coisas não pesam. Força. Creme de curcuma e água de couve de repolho para a dor. Todos se vão e eu fico. No meu quarto a assistência é feita por uma enfermeira migrante. O meu cancro continua a ouvir atentamente o silêncio dos meus órgãos. A enfermeira escreve no seu caderno: corpo molhado, leite de mãe, vira as costas. O meu cancro olha-me de longe. Sorri e segue o seu caminho até à cidade das doenças. As batas brancas e as ambulâncias transportam o som da libélula. A cidade das doenças contém o amor de mãe e a sua violência. Ao pé da minha cama, num frasco de vidro, o choro dos virtuosos e dos piedosos. As coisas terminam como nós. Ao longe, a caixa de injeções como um brinquedo extraviado.