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20 setembro 2018

martina vidaić


Ptica, šljivin plod

tog su ljeta šljive dozrijevale unatrag.
meso im je bilo modro
pa zeleno
pa posvijetlilo u cvijet.

tamno voće najbrže dozrije nijekanjem,
blijedim zidovima u koje se iva umatala
pred svaki tulum.

ivini su starci učili djecu da se mozak
utiskuje ručno. ivin je brat imao velike
ruke, po jedna polutka u svaku šaku,

sve po pola sa sestrom.

zrenje je postojalo da nas učini drvenima,
napuni pupovima od grla do grla.

šljive su pucale od samopouzdanja, koštice
padale kao okoštale suze, smrvljeni kralješci,
iz svake je niklo po jedno savijeno stablo.

poslije, ivin brat
objesio se na stablu
koje je također moglo biti šljiva.

plod tamnog učenja zrio je u zaborav.

vidjela sam, smrt je neobično velik primjerak
najobičnije privatne pomrčine,
ima ih posvuda, rastu, vidjela sam,
i na rubovima namještaja.

poslije su mi se oči smrkle, ništa nije bilo
dovoljno tamno da bi se uočilo.

odlučila sam: omotat ću oči slijepom sobom
i žestoko žestoko šutjeti,
brati mrkli muk,
mučati tamnom polutkom mozga
da posvijetli u ljubav,

ali tog su ljeta
zidovi bili slabo savitljivi.
stalno su se kore pupova razbijale o beton,
kao da će
netko propjevati.


Pássaro, fruto de uma ameixeira

nesse verão as ameixas amadureciam ao contrário.
a sua carne era azul
depois verde
e a seguir florescia iluminada.

a fruta escura amadureceu logo em negação
junto às paredes pálidas onde eva se vestia
antes das festas.

os pais de eva pensaram os seus filhos o cérebro
era gravado à mão, o irmão de eva
tinha mãos grandes, um hemisfério em cada punho,

partilhava metade de tudo com a sua irmã.

e tal amadurecimento fez-se para nos endurecer
para nos encher de brotos de ameixas de uma ponta à outra.

confiantes, as ameixas rasgavam-se, os seus ossos
caíam como lágrimas obstinadas, vértebras quebradas,
uma árvore escangalhada brotando por cada uma delas.

mais tarde, o irmão de eva
pendurava-se na árvore
que podia muito bem ser uma ameixeira.

a fruta do saber escuro madurando no esquecimento.

via-a, morte, uma mostra inusualmente grande
do mais ordinário, penumbra pessoal,
para poderem ser vistas em todo o lado, crescem, vi-as
até nos cantos dos móveis.

depois disso os meus olhos enevoaram-se, nada era
suficientemente escuro para distinguir.

decidi : envolver os meus olhos no quarto fechado
vorazmente, vorazmente calar,
arrancar o taciturno silêncio morto,
ficar letárgica no hemisfério cerebral escuro
e assim brilhar em amor depois,

mas nesse verão
as paredes torpemente se dobravam
todo o tempo, a carne da ameixa rasgava-se contra o cimento
como se alguém
tentasse rebentar em canção.