HACHÍS
Conozco drogas con menos capacidad de adicción que tus abrazos
de tres letras; ven.
Ven, que tengo el corazón y la cama sin hacer. Que a
veces la vida me cuesta trabajo y no me pagan por ella;
que quiero decirte prosas, abriendo las piernas más que la boca.
Vísteme despacio, que tengo prisa por volver a
desnudarte. Sálvame la vida, pero déjame morirme de
amor si apareces sin paraguas, cerca.
Córrete hacia la izquierda y hazme un hueco. Que yo ya
me he corrido hacia tus manos sin permiso, sin educación.
Déjame cubrirte las espaldas con el ombligo, déjame
partirle la cara B a la vida. Déjame consolarte,
consolarme, consolarnos. Déjame consolidarte en arte.
Déjame no ser si no hago, déjame hacer aunque no sea.
Déjame ser suelo si te caes y cielo si lo tocas. Y nubes si
te llueve; y tabla si te ahogas y humo si ya no ríes.
Déjame hacerlo mal para sentirme bien. Déjame que
sienta y siéntate que tengo algo que contarte.
Déjame, pero sobre todo; no me dejes.
HAXIXE
Conheço drogas com menos capacidade de adição que os teus abraços
de três letras; vem
Vem que tenho o coração e a cama por fazer. Que às
vezes a vida custa-me trabalho e não me pagam por ela;
que quero dizer-te prosas, abrindo as pernas mais que a boca.
Veste-me devagar, que tenho pressa em voltar a
despir-te. Salva-me a vida, mas deixa-me morrer de
amor se apareceres sem guarda-chuva, perto.
Vem-te para a esquerda e faz-me um buraco.Que eu já
me vim para as tuas mãos sem permissão, sem educação.
Deixa-me cobrir-te as costas com o umbigo, deixa-me
patir a cara B à vida. Deixa-me consolar-te,
consolar-me, consolar-nos. Deixa-me consolidar-te na arte.
Deixa-me não ser se não fizer, deixa-me fazer mesmo que não seja.
Deixa-me ser chão se caires e céu se o tocares. E nuvens se
chove em ti; e prancha se te afogares e fumo se já não rires.
Deixa-me fazer mal para me sentir bem. Deixa-me que
sinta e senta-te que tenho uma coisa para te contar.
Deixa-me, mas acima de tudo, não me deixes.