Mostrar mensagens com a etiqueta verónika reca. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta verónika reca. Mostrar todas as mensagens

10 junho 2022

verónika reca

 

He visto a la mesa amputarse las patas

para no salir corriendo.

Las cosas se rehúsan a huir

y me desilusionan,

me va quebrando el eco

de una casa vacía.


El poco valor de los mapos,

la trampa que no atrapa ratones,

los cuchillos que no cuentan sus muertos

y yo insisto en ser una cosa,

ser una cosa y no dejar rastros.


En mis sueños soy ventana,

deseo tanto ser un florero,

el ajo en la alacena.

Abrazo una columna

mientras voy podando

el suelo con mis pies de lija,

con un nudo en la garganta de hinojos.

De tantos intentos ya tengo aspecto de aguja,

el rumor, su silbido en mi contra.


Me destierran los utensilios,

me condenan a morir

con mi identidad mediocre

qué pena más dura

no ser una esquina.



Vi a mesa amputar as as suas pernas

para não sair a correr.

As coisas se recusam-se a fugir

e desapontam-me,

vi-se partindo em mim o eco

de uma casa vazia.


O pouco valor dos espanadores,

a armadilha que não apanha ratos,

as facas que não contam os seus mortos

e eu insisto em ser uma coisa,

ser uma coisa e não deixar rastros.


Nos meus sonhos sou janela,

quero tanto ser um vaso,

o alho no armário.

Abraço uma coluna

enquanto vou podando

o chão com os meus pés de lixa,

com um nó na garganta de funcho.

Com tantas tentativas já tenho aspecto de agulha,

o rumor, o seu silvo contra mim.


Os utensílios desterram-me,

me condenam a morrer

com a minha identidade medíocre

que castigo mais duro

não ser uma esquina.