He visto a la mesa amputarse las patas
para no salir corriendo.
Las cosas se rehúsan a huir
y me desilusionan,
me va quebrando el eco
de una casa vacía.
El poco valor de los mapos,
la trampa que no atrapa ratones,
los cuchillos que no cuentan sus muertos
y yo insisto en ser una cosa,
ser una cosa y no dejar rastros.
En mis sueños soy ventana,
deseo tanto ser un florero,
el ajo en la alacena.
Abrazo una columna
mientras voy podando
el suelo con mis pies de lija,
con un nudo en la garganta de hinojos.
De tantos intentos ya tengo aspecto de aguja,
el rumor, su silbido en mi contra.
Me destierran los utensilios,
me condenan a morir
con mi identidad mediocre
qué pena más dura
no ser una esquina.
Vi a mesa amputar as as suas pernas
para não sair a correr.
As coisas se recusam-se a fugir
e desapontam-me,
vi-se partindo em mim o eco
de uma casa vazia.
O pouco valor dos espanadores,
a armadilha que não apanha ratos,
as facas que não contam os seus mortos
e eu insisto em ser uma coisa,
ser uma coisa e não deixar rastros.
Nos meus sonhos sou janela,
quero tanto ser um vaso,
o alho no armário.
Abraço uma coluna
enquanto vou podando
o chão com os meus pés de lixa,
com um nó na garganta de funcho.
Com tantas tentativas já tenho aspecto de agulha,
o rumor, o seu silvo contra mim.
Os utensílios desterram-me,
me condenam a morrer
com a minha identidade medíocre
que castigo mais duro
não ser uma esquina.