Aproximaciones a
la locura
Desde aquí la veo, no estando su piel en ninguna piel de mujer
Ella me ha dicho que
no es del todo humana
Un cuadro de Vincent
Van Gogh relata su condición efímera de musa invisible
No la tengo esta
noche y ninguna melodía abre sonidos en el silencio mayor que se ha
alojado en mi cabeza, acorralando sus indelebles últimas palabras
sobre mi patio interior
Ha sido niña cuando
habitaba aquella casa que ahora la arroja
No quiero dejarla
entrar, aunque la espina de sus ojos me recorra el alma, ya es tarde
Una lluvia de poemas
ha inundado mi sala y una mujer de otro tiempo ha pintado las paredes
que ella rayó, sus pinceles están curando las amargas distancias
pero la prisa con que viajan los dolores va lacerando poco a poco
todo lo que soy
Hay siete primaveras
acostadas en esta nueva casa, vendrás, vendrás, vendrás...
hormigas peregrinas
me advierten en presagio discreto que en aquella madrugada en que
ella venga ya no estaré yo.
Aproximações
à loucura
Vejo-a
daqui, a sua pele não está em nenhuma pele de mulher
Disse-me
que não é completamente humana
Um
quadro de Vincent Van Gogh relata a sua condição efémera de musa
invisível
Não
a tenho esta noite e nenhuma melodia abre sons no silêncio maior que
se alojou na minha cabeça, encurralando as suas indeléveis últimas
palavras sobre o meu pátio interior
Foi
menina quando morava nessa casa que agora a deita fora
Não
quero deixá-la entrar mesmo que a espinha dos seus olhos me percorra
a alma, já é tarde
Uma
chuva de poemas inundou a minha sala e uma mulher de outro tempo
pintou as paredes que ela riscou, os seus pincéis estão a curar as
amargas distâncias mas a pressa com que viajam as dores vai
lacerando pouco a pouco tudo o que sou
Há
sete primaveras deitadas nesta nova casa, virás, virás, virás…
formigas
peregrinas advertem-me em presságio discreto que na madrugada em que
ela vier já não estarei eu.