Mostrar mensagens com a etiqueta doireann ní ghríofa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta doireann ní ghríofa. Mostrar todas as mensagens

22 março 2022

doireann ní ghríofa

 
In Albumen, In Pixels, In Bricks
 
I
In pregnancy, a woman carries
a baby’s ovaries like little fists
 
on fallopian wrists; inside each handful,
a million oocyte cells, microscopic pips.
 
In this, a mother is the eggshell
that carries her descendants.
 
II
Two weeks before Christmas, I am holding
a string of silver tinsel when the phone rings.
The landlord wants our home for his son.
I drop the tinsel. He gives us a month.
 
On supermarket shelves,
my fingers hover over freckled eggs
nestled in cardboard.
Within each shell,
 
chalazae threads, lustrous
filaments that grip each membrane
to its yellow orb, lifting each yoke
up, to hold it steady in a liquid glut.
 
III
I search websites for houses to rent
but everything is too expensive.
I distract myself with old photos instead,
clicking
Evicted family at Glenbeigh, 1888
to find a shattered cabin, a man, a woman,
four barefoot children. I peer at the girl’s
hands, but can’t quite discern what she holds,
a pale apron, perhaps, or a fistful of wool.
Her hand exists only in pixels now, this girl
who arrives by retina and optic nerve
to live a while in my mind. I realise,
then, what she holds in her hand.
I recognise its freckled skin.
I know its cargo of liquid, its chalazae grip.
I know the gold that floats within.
 
 
 
Nos brancos, nos pixéis, nos tijolos
 
I
Na gravidez, uma mulher leva na carga
os ovários de um bebé como pequenos pulsos
 
nas bonecas das trompas de Falópio; dentro de cada punho
um milhão de células de ovócitos, microscópicas pevides.
 
Nisto, a mãe é a casca do ovo
que protege os seus descendentes.
 
II
Duas semanas antes do Natal, afirmo
uma cadeia de ouropel prateada quando o telefone toca.
O arrendatário quer a nossa casa para o seu filho.
Deixo cair o ouropel. Dá-nos um mês.
 
Mas prateleiras do supermercado,
os meus dedos passeiam pelos ovos sardentos
encravados na embalagem.
Dentro de cada casquilho,
 
linhas do óvulo, filamentos
lustrosos que agarram cada membrana
em seu globo amarelo, levantando cada jugo
para o manter firme nesse excesso líquido.
 
III
Procuro sítios web onde aluguem casas
mas todas me parecem muito caras.
Então distraio-me com velhas fotografias,
fazendo click em
Família desalojada em Glenbeigh, 1888
para encontrar uma cabana destroçada, um homem, uma mulher,
quatro crianças descalças. Olho as mãos
da criança, mas não consigo distinguir o que tem,
um avental branco sujo, talvez, ou um punhado de lã.
Agora a sua mão só existe em pixéis, esta rapariga
que vem através da retina e do nervo ótico
para viver na minha cabeça. Percebo,
então, o que tem na sua mão.
Reconheço a sua pele sardenta.
Conheço o seu armazém líquido, seu desenvolvimento do óvulo
Conheço o ouro que flutua lá dentro.