Mostrar mensagens com a etiqueta ana danich. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ana danich. Mostrar todas as mensagens

01 junho 2016

ana danich

MALDITO  JUNIO

Imperceptible cae sobre mí la sotana del atardecer, 
maldito Junio que llegas con tu boca hambrienta de cadáveres 
a saborear los desperdicios de este día. 

Nadie conoce el instante cuando arrancaste  el útero 
y lo devoraste como a un conejo negro 
ese día de dientes apretados y lengua carcomida por el tiempo 
cuando  guardaste en tu congelador los últimos vestigios 
porque no te conformaste con sorber la última gota inocente. 

Otra vez estás aquí, golpeando la ventana 
y mirándome con los ojos del exilio.  
Tu gesto invernal hurga los recodos de la casa,  
sabes que falta menos tiempo 
y que los días se acercan sigilosos 
como puñales lanzados desde ese lugar 
que sólo nosotras conocemos.

Abominable Junio, 
que traes guardado en tu bolsillo 
el grito silencioso de los huesos 
y en tus uñas se pudre la tierra del foso que cavaste. 

Entra y olvidaré que alguna vez robaste los recuerdos de esta casa.

Ellas no retornarán en las alas de ese ángel
que alguna vez lloró la ausencia del amor. 
La obstinada cerrará los ojos y te dejará hacer, 
si te atreves, si es que puedes.

En esta casa no habitan suplicantes.


MALDITO  JUNHO

Impercetível cai sobre mim a sotaina do entardecer, 
maldito Junho que chegas com a tua boca faminta de cadáveres 
saboreando os desperdícios deste dia. 

Ninguém conhece o instante em que arrancaste  o útero 
e o devoraste como a um coelho negro 
nesse dia de dentes apertados e língua carcomida pelo tempo 
quando  guardaste no teu congelador os últimos vestígios 
porque não te conformaste em sorver a última gota inocente. 

Outra vez aqui estás, batendo na janela
e olhando-me com os olhos do exílio.  
O teu gesto invernal escava os cantos da casa,  
sabes que falta menos tempo 
e que os dias se aproximam sigilosos 
como punhais lançados desse lugar 
que só nós conhecemos.

Abominável Junho, 
que trazes guardado no bolso
o grito silencioso dos ossos 
e nas tuas unhas apodrece a terra do fosso que cavaste. 

Entra e esquecerei que alguma vez roubaste as lembranças desta casa.

Elas não voltarão nas asas desse anjo
que uma vez chorou a ausência do amor. 
A obstinada cerrará os olhos e deixar-te-á fazer, 
se te atreveres, se conseguires.

Nesta casa não moram suplicantes.