Mostrar mensagens com a etiqueta marge piercy. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta marge piercy. Mostrar todas as mensagens

16 abril 2020

marge piercy


The cat song

Mine, says the cat, putting out his paw of darkness.
My lover, my friend, my slave, my toy, says
the cat making on your chest his gesture of drawing
milk from his mother’s forgotten breasts.

Let us walk in the woods, says the cat.
I’ll teach you to read the tabloid of scents,
to fade into shadow, wait like a trap, to hunt.
Now I lay this plump warm mouse on your mat.

You feed me, I try to feed you, we are friends,
says the cat, although I am more equal than you.
Can you leap twenty times the height of your body?
Can you run up and down trees? Jump between roofs?

Let us rub our bodies together and talk of touch.
My emotions are pure as salt crystals and as hard.
My lusts glow like my eyes. I sing to you in the mornings
walking round and round your bed and into your face.

Come I will teach you to dance as naturally
as falling asleep and waking and stretching long, long.
I speak greed with my paws and fear with my whiskers.
Envy lashes my tail. Love speaks me entire, a word

of fur. I will teach you to be still as an egg
and to slip like the ghost of wind through the grass.


Cantiga do gato

Minha, diz o gato, pondo a sua pata fora do escuro.
Minha amante, minha amiga, minha escrava, meu brinquedo, diz
o gato, performando no teu peito o seu passo de
leite das tetas esquecidas da mãe.

Vamos andar pelos bosques, diz o gato.
Vou ensinar-te a ler o manual dos aromas,
a camuflares-te nas sombras, a esperar como uma armadilha, a caçar.
Agora deixo-te este bojudo rato quente no teu tapete.

Alimentas-me, eu tento alimentar-se, somos amigos,
diz o gato, embora eu seja mais igual que tu.
Consegues saltar vinte vezes mais do que a altura do teu corpo?
Consegues subir e descer árvores a correr? Saltar entre telhados?

Vamos esfregar os nossos corpos juntos e falar de toque.
As minhas emoções são como cristais de sal, puras e duras.
O meu desejo brilha como os meus olhos. De manhã canto para ti
passeando vezes sem conta na tua cama e no teu rosto.

Vem, vou ensinar-te a dançar com a mesma naturalidade
de adormecer e acordar e espreguiçar longo, longo.
Digo ganância com as minhas patas e medo com os meus bigodes.
Inveja chicoteia minha cauda. O amor fala-me inteiro, uma palavra

de pelo. Vou ensinar-te a ficar imóvel como um ovo
e a caminhares em silêncio como o fantasma do vento pela relva