Des poumons supplémentaires
Ces manques que nous
portons en nous
Comme des poumons
supplémentaires
Des branchies
allumées
Mille ramures
d’acier et de chair
Sinon, comment
pourrait-il respirer
Le désir qu’on
enfouit sous nos terres ?
Dans ton corps il a
creusé deux trous
Qu’il a remplis de
larmes et de lumière
Ces brèches aux
couleurs ambulantes
Par où nous
devinons les manques
Ces manques que nous
portons en nous
Comme des poumons
supplémentaires
Sens-tu cette âme
qui suffoque dans les couloirs du sang
Les rochers de la
gloire où l’amour se fracasse ?
Tu es ton adversaire
Le monde n’a plus
besoin d’innocents
Le monde veut des
passions
Un jour nous
dormirons dans sa carcasse
Sous des cieux
abîmés que secoue
Un dieu qui n’en a
rien à faire
De ces manques que
nous portons en nous
Comme des poumons
supplémentaires
Si tu me cherches
encore sache que je suis dans ta vie
Je ne quitte pas tes
ornières
Je n’ai pas su
ronger
La laisse que tu
m’as mise au cou
Ces deux trous dans
ton visage ils se ferment la nuit
Je n’ai plus
besoin de voir derrière
Pour savoir ces
manques que nous portons en nous
Comme des poumons
supplémentaires.
Pulmões
suplementares
Essas
ausências que trazemos em nós
Como
pulmões suplementares
Guelras
acesas
Mil
armações de aço e carne
Senão,
como se poderia respirar
O
desejo de nos enterrarmos nas nossas terras?
Em
seu corpo ele cavou dois buracos
Que
preencheu com lágrimas e luz
Essas
fendas com cores ambulantes
Através
da quais adivinhamos as ausências
As
ausências que trazemos em nós
Como
pulmões suplementares
Por
que nós achamos as faltas
Sentes
essa alma que sufoca nos corredores do sangue
Os
rochedos da glória onde o amor se estilhaça?
Tu
és o teu adversário
O
mundo já não precisa de inocentes
O
mundo quer paixões
Um
dia dormiremos na sua carcaça
Debaixo
de céus esburacados
Sob
os céus arruinados, agitados por
Um
deus que não se importa
Com
as ausências que trazemos em nós
Como
pulmões suplementares
Se
ainda me procurares que saibas que estou na tua vida
Não
abandono os teus sulcos
Eu
não soube roer
A
coleira que me puseste no pescoço
Essas
duas fendas no teu rosto fecham-se à noite
Já
não preciso de olhar para trás
Para
saber destas ausências que trazemos em nós
Como
pulmões suplementares