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22 julho 2022

nathanaëlle quoirez

 

je descends dans mes fibres

en détressant ma peau

plus que nue dans vos bras

je me demande encore

si je parviens

à mettre le mot vivre

dans le cœur abandon


je vous brûlais mes vêtements

et vous appelais digues

camisole physique

qui me tient hors danger


je ne veux plus de moi


je descends plus bas

que les entailles primaires

augurale violence

dans le bassin du vieux

je sens le violeur ruisselant

sa dalle de mortes

est grande


aigres chairs aux étreintes

peau règne cannibale

lance ta flamme

dans le moyeu pourri

ce nid toujours au centre

dans ma religion je t’accueillerai

jusqu’à la fin du jour


vain passé au crâne d’indifférence

mes tripes ont repoussé

en vieilles fleurs éteintes

sinistre mellifère

je voudrais m’accoucher

mourir avant le cri

pour retrouver mes autres


je vous ai trop perdu


mystagogue tant chéri

donne-moi le bâton des audiences

une phrase nous suffit

guérir ne tient qu’à la promesse


tu précèdes.



desço em minhas fibras

destrançando a minha pele

mais do que nua nos teus braços

ainda me pergunto

se conseguirei

colocar a palavra viver

no coração abandono


queimei-te as minhas roupas

a que chamavas diques

colete-de-forças

que me mantém fora de perigo


já não me quero


descer mais abaixo

que os cortes primários

augúrio de violência

na bacia do velho

cheiro o violador a escorrer

a sua laje de mortas

é grande


azedas carnes com abraços

pele rainha canibal

lança a tua chama

no cubo apodrecido

este ninho sempre no centro

na minha religião acolher-te-ei

até ao fim do dia


fútil passado no crânio de indiferença

as minhas entranhas brotaram

em velhas flores extintas

sinistro melífero

gostaria de dar à luz

morrer antes do grito

para encontrar os meus outros


Eu perdi-te demasiado


mistagogo tão querido

dá-me o martelo das audiências

uma frase é suficiente para nós

a cura depende apenas da promessa


tu precedes.