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21 fevereiro 2022

annabell manjarrés freyle

 

Noche para deambular

I

Óiganme ustedes

los seres detrás de la pared,

una coraza de tiempo y salitre

los imposibilita.

 

Acaricio la apariencia rasposa del ser pared

y acerco mi oído al colosal que conforma

esta calle sonámbula

 

donde los gatos maúllan

como hijos tristes,

donde un murmullo sobrenatural

hace temblar a la tierra.

 

Es que antes de ser arrancada

ya la arena gritaba,

y no ha habido piedra o moldura

que calme su sollozo.


Mi mano que acaricia

dialoga con los muros de hoteles restaurados.

Con este portón que esconde la sombra

y el helar de la noche,

y con esta ventana de alma colonial enjaulada

que solo desea desaparecer.

 

Aquello que fue arena de rio,

hoy es solo una moldura muerta.

Que en paz descanse con quienes

una vez la levantaron.

 

II

Seres detrás de la pared,

se han agrietado con el dolor del agua.

Se poblaron de vientos conocidos.

Un vaho extranjero les regaló la noche y el azar.

 

Se me vinieron encima las capas de pintura

que intentaron ocultar los murmullos

de paredes que no saben que murieron,

porque solo los vivos pueden irse

para siempre.

 

 

Noite para deambular

I

Ouçam-me vocês

seres atrás da parede,

uma couraça de tempo e salitre

impossibilita-os.

 

Acaricio a aparência áspera do ser parede

e aproximo meu ouvido ao colossal que conforma

esta rua sonâmbula

 

onde os gatos miam

como filhos tristes,

onde um murmúrio sobrenatural

faz tremer a terra.

 

É que antes de ser arrancada

já a areia gritava,

e não houve pedra ou moldura

para acalmar o seu soluço.

 

Minha mão que acaricia

dialoga com as paredes de hotéis restaurados.

Com este portão que esconde a sombra

e o gelar da noite,

e com esta janela de alma colonial enjaulada

que só deseja desaparecer.

 

Aquilo que foi areia de rio,

hoje é só uma moldura morta.

Que descanse em paz com aqueles

Que uma vez a levantaram.

 

II

Seres detrás da parede,

Racharam-se com a dor da água.

Povoaram-se de ventos conhecidos.

Um vapor estrangeiro ofereceu-lhes a noite e o acaso.

 

Vieram sobre mim as camadas de pintura

que tentaram esconder os murmúrios

das paredes que não sabem que morreram,

porque só os vivos se podem ir

para sempre.