La noche me conoce bien
Poco sé de la noche
pero la noche parece saber de mí
Alejandra Pizarnik
Parece conocer la ciudad que interpela
los abismos de mis manos
y se declara refugio instintivo de mis huesos.
Parece abrir su boca y muerde mi nombre con la embestida de quien no alumbra a tiempo
por no dejar al descubierto las heridas.
Todo emigra de sus ojos al amanecer,
aunque el dolor no me pierda de vista
y sea demasiado tarde para encontrarle el pulso a la esperanza.
La noche parece conocerme bien,
su página en blanco clasifica el desamparo
de guerras ganadas en mi casa vacía.
Parece saber que aunque lo niegue,
soy polvo de su polvo,
asida frágilmente a la orilla
más tolerable
de la luz.
A noite conhece-me bem
Pouco sei da noite
Mas a noite parece saber de mim
Alejandra Pizarnik
Parece conhecer a cidade que interpela
os abismos das minhas mãos
e se declara refúgio instintivo dos meus ossos.
Parece abrir a sua boca e morde o meu nome com a investida de quem não alumia a tempo
para não expor os ferimentos.
Tudo emigra dos seus olhos ao amanhecer,
mesmo que a dor não me perca de vista
e seja demasiado tarde para encontrar o pulso à esperança.
A noite parece conhecer-me bem,
a sua página em branco classifica o desamparo
de guerras ganhas na minha casa vazia.
Parece saber que mesmo que negue,
sou pó do seu pó,
frouxamente agarrado ao lado
mais tolerável
da luz.