Mostrar mensagens com a etiqueta robin coste lewis. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta robin coste lewis. Mostrar todas as mensagens

10 janeiro 2018

robin coste lewis

Plantation

And then one morning we wake up
embracing on the bare floor of a large cage.

To keep you happy, I decorate the bars.
Because you had never been hungry, I knew

I could tell you the black side
of my family owned slaves.

I realize this is perhaps the one reason
why I love you: because I told you this

and you still wanted to kiss
me. We laughed when I said plantation,

fell into our chairs when I said cane.
There were fingers on the floor

and the split bodies of women
who’d been torn apart by horses

during the Inquisition. You’d said
Well I’ll be damned!

Every now and then, you’d change
from a prancing black buck

into a small high yellow girl: pigtailed,
patent leather, eyes spinning gossamer, begging

for egg salad and banana pudding.
Or just as quickly you’d become the girl’s mother, pulling

yourself away from yourself.
Because my whole head was covered

with a heaving beehive, you thought I didn’t
notice. I noticed. I cried honey.

And then you were fourteen, and you had grown
a glorious steel cock under your skirt. To brag

you rubbed yourself against me. Then your tongue
was inside my mouth, and I wanted to say

Please ask me first, but it was your tongue,
so who cared suddenly

about your poor manners?
We had books and a waterfall

was falling in the corner.
I didn’t tell you I couldn’t

remember what that thing was you said
to me once, that tender thing you’d said

I should never forget.
The moment you said it, I forgot it.

I wondered if you thought we were lost.
We weren’t lost. We were loss.

And meanwhile, all I could think
about was the innumerable ways

I would’ve loved to have eaten you. How
being devoured can make one cry. And I hoped

you liked the pleasant taste
of juiced cane. You pulled

my pubic bone toward you. I didn’t
say It’s still broken; I didn’t tell

you, There’s still this crack. It was sore,
but I stayed silent because you were smiling.

You said, The bars look pretty, Baby,
then rubbed your hind legs up against me.


Plantação

E então uma manhã acordamos
abraçados ao chão descalço de uma grande jaula.

Para te manter feliz decorei as grades.
Como nunca tinhas passado fome, sabia

que te podia contar que o lado negro
da minha família possuiu escravos.

Compreendo que esta é talvez uma das razões
porque te amo : por te ter dito isso

e mesmo assim quiseste beijar-me
Rimos quando disse plantação.

esparramadas nas nossas cadeiras quando eu disse cana
Havia dedos no chão

e os corpos bipartidos de mulheres
que tinham sido despedaçadas por cavalos

durante a Inquisição.
Disseste, Maldita seja!

De vez em quando, deixavas de ser
um antílope revoltado

para seres uma dessas jovens mestiças : com trancinhas,
couro envernizado, olhos tecendo teias de aranha, implorando

salada de ovo e pudim de banana.
Ou de repente te convertias na mãe da rapariga, puxando-te

para fora de ti.
Como toda a minha cabeça se encontrava coberta

por uma colmeia extravasante julgaste
que eu não tinha dado conta. Mas dei. Chorei mel.

E já tinhas crescido e tinha-te crescido
um glorioso falo debaixo da saia. Para te vangloriares

esfregaste-te contra mim. Aí a tua língua
estava dentro da minha boca e eu quis dizer

Por favor, pergunta primeiro, mas era a tua língua
assim, quem se importaria de repente

com a tua falta de educação?
Tínhamos livros e uma queda de água

precipitava-se para um canto.
Nunca te disse que não me conseguia

lembrar o que me disseste
nessa altura, as ternuras que pronunciaste

Nunca o devia ter esquecido.
Quando as disseste, esqueci-as.

Julgo que pensavas que estávamos perdidas,
Não estávamos perdidas. Éramos a perda.

E entretanto só conseguia pensar
nas infinitas maneiras

que tinha fantasiado para te comer. Como
ser devorado pode fazer alguém chorar. E esperava

que gostasses do aprazível sabor
do sumo da cana. Puxaste

o meu osso púbico contra ti. Não te disse
continua partido, não te disse

ainda permanece aquela fratura. Doía
mas permaneci em silêncio porque estavas a sorrir.

Disseste, as grades são lindas, amor,
então esfregaste as tuas coxas em mim.