Plantation
And then one morning
we wake up
embracing on the
bare floor of a large cage.
To keep you happy, I
decorate the bars.
Because you had
never been hungry, I knew
I could tell you the
black side
of my family owned
slaves.
I realize this is
perhaps the one reason
why I love you:
because I told you this
and you still wanted
to kiss
me. We laughed when
I said plantation,
fell into our chairs
when I said cane.
There were fingers
on the floor
and the split bodies
of women
who’d been torn
apart by horses
during the
Inquisition. You’d said
Well I’ll be
damned!
Every now and then,
you’d change
from a prancing
black buck
into a small high
yellow girl: pigtailed,
patent leather, eyes
spinning gossamer, begging
for egg salad and
banana pudding.
Or just as quickly
you’d become the girl’s mother, pulling
yourself away from
yourself.
Because my whole
head was covered
with a heaving
beehive, you thought I didn’t
notice. I noticed. I
cried honey.
And then you were
fourteen, and you had grown
a glorious steel
cock under your skirt. To brag
you rubbed yourself
against me. Then your tongue
was inside my mouth,
and I wanted to say
Please ask me
first, but it was your tongue,
so who cared
suddenly
about your poor
manners?
We had books and a
waterfall
was falling in the
corner.
I didn’t tell you
I couldn’t
remember what that
thing was you said
to me once, that
tender thing you’d said
I should never
forget.
The moment you said
it, I forgot it.
I wondered if you
thought we were lost.
We weren’t lost.
We were loss.
And meanwhile, all I
could think
about was the
innumerable ways
I would’ve loved
to have eaten you. How
being devoured can
make one cry. And I hoped
you liked the
pleasant taste
of juiced cane. You
pulled
my pubic bone toward
you. I didn’t
say It’s still
broken; I didn’t tell
you, There’s
still this crack. It was sore,
but I stayed silent
because you were smiling.
You said, The
bars look pretty, Baby,
then rubbed your
hind legs up against me.
Plantação
E
então uma manhã acordamos
abraçados
ao chão descalço de uma grande jaula.
Para
te manter feliz decorei as grades.
Como
nunca tinhas passado fome, sabia
que
te podia contar que o lado negro
da
minha família possuiu escravos.
Compreendo
que esta é talvez uma das razões
porque
te amo : por te ter dito isso
e
mesmo assim quiseste beijar-me
Rimos
quando disse plantação.
esparramadas
nas nossas cadeiras quando eu disse cana
Havia
dedos no chão
e os
corpos bipartidos de mulheres
que
tinham sido despedaçadas por cavalos
durante
a Inquisição.
Disseste,
Maldita seja!
De
vez em quando, deixavas de ser
um
antílope revoltado
para
seres uma dessas jovens mestiças : com trancinhas,
couro
envernizado, olhos tecendo teias de aranha,
implorando
salada
de ovo e pudim de banana.
Ou
de repente te convertias na mãe da rapariga, puxando-te
para
fora de ti.
Como
toda a minha cabeça se encontrava coberta
por
uma colmeia extravasante julgaste
que
eu não tinha dado conta. Mas dei. Chorei mel.
E já
tinhas crescido e tinha-te crescido
um
glorioso falo debaixo da saia. Para te vangloriares
esfregaste-te
contra mim. Aí a tua língua
estava
dentro da minha boca e eu quis dizer
Por
favor, pergunta primeiro,
mas era a tua língua
assim,
quem se importaria de repente
com
a tua falta de educação?
Tínhamos
livros e uma queda de água
precipitava-se
para um canto.
Nunca
te disse que não me conseguia
lembrar
o que me disseste
nessa
altura, as ternuras que pronunciaste
Nunca
o devia ter esquecido.
Quando
as disseste, esqueci-as.
Julgo
que pensavas que estávamos perdidas,
Não
estávamos perdidas. Éramos a perda.
E
entretanto só conseguia pensar
nas
infinitas maneiras
que
tinha fantasiado para te comer. Como
ser
devorado pode fazer alguém chorar. E esperava
que
gostasses do aprazível sabor
do
sumo da cana. Puxaste
o
meu osso púbico contra ti. Não te disse
continua
partido, não te disse
ainda
permanece aquela fratura. Doía
mas
permaneci em silêncio porque estavas a sorrir.
Disseste,
as grades são lindas, amor,
então
esfregaste as tuas coxas em mim.