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25 setembro 2023

iris murdoch

 
Poem and Egg
 
I would like to write a poem like a picture
protraying something rather dark and big
in an atomic sea of pea-green hue,
or else a sort of lumpy golden thing
In a dark sea almost blackened blue
Sugesting I supose the universe,
Not circular in fact but gently squashed,
Shaped like an orange or untappered egg,
A floating egg lonely as everything.
 
These ancient forms are really very simple,
And anything that sages have to say
Concerning what they symbolised or meant
Is likely to be rather common place.
They can be seen as images of God,
His bland unfeatured face,
Or of the great mama her lovely cunt,
Or lazy absolutes of any kind,
Or chaos pierced by mind,
Or simply seas of colour pierced by shape
Or colour swooning in its own embrace.
 
A poem cannot be like that however,
Its ambiguity will tend to have a point
Which must be muffled, kept from being clever.
A poem can be never quite so plain,
So all-absorbing like an oval mouth.
It has to play a game to tell the truth,
It is more like a little flame,
Words soaked in petrol burning themselves up.
Before the absolute, a pyre of sense
Asking forgiveness of the cosmic egg
For this impertinence.
 
 

 
Poema e ovo
 
gostaria de escrever um poema como uma imagem
projetando algo bastante escuro e grande
num mar atómico de matiz verde-ervilha,
ou então uma espécie de grumo dourado
num mar escuro quase enegrecido azul
Sugerindo suponho o universo,
Não circular na verdade, antes suavemente achatado,
Em forma de laranja ou ovo não adulterado,
Um ovo flutuante solitário como tudo o resto.
 
Estas formas antigas são realmente muito simples,
E qualquer coisa que os sábios têm a dizer
Sobre o que elas simbolizaram ou significaram
Será provavelmente um lugar comum.
Podem ser vistas como imagens de Deus,
O seu rosto sem graça,
Ou a amorosa vulva da grande mãe,
Ou absolutos preguiçosos de qualquer espécie,
Ou caos perfurado pela mente,
Ou simplesmente mares de cor perfurados pela forma
Ou cor desmaiando em seu próprio abraço.
 
Um poema não pode ser assim, porém
A sua ambiguidade tenderá a ter um ponto
Que deve ser abafado, sem ser inteligente.
Um poema nunca pode ser tão simples,
Tão absorvente como uma boca oval.
Ele tem que jogar um jogo para dizer a verdade,
É mais como uma pequena chama,
Palavras embebidas em gasolina a si mesmas se queimando.
Antes do absoluto, uma pira de sentido
Pedindo perdão ao ovo cósmico
Por esta impertinência.