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09 junho 2013

loren ferández



Yo dibujé el primer bisonte

Yo dibujé el primer bisonte
sobre un vientre de roca
con sangre de los hijos muertos
y hollín de las hogueras que nos salvaron del terror.

Yo bebí cicuta y cristales rotos.
Fui la muchacha que flota en el río de flores heladas.
Crucificada bocabajo
mis entrañas son devoradas eternamente
mas nunca renuncié al fuego
ni a una sola de sus extensiones.

Mis carabelas navegaron los canales de Marte.
Mi oído conoce el idioma de los peces pulmonados.
Soy todos los hombres que fueron
y aquellos que habrán sido,
el robot que llora lágrimas de parafina
y el mutante poseído por el cerebro de la colmena.

Serenamente veré pasar los milenios
cerrados y purísimos
hasta que se extingan los dinosaurios
y los ángeles y los cometas
y ese accidente de los protones que fue vivir.
Como el primer bisonte
acurrucada sobre el vientre de piedra
sangre y rescoldos de lo que, tal vez,
nunca haya existido.


Desenhei o primeiro bisonte

Desenhei o primeiro bisonte
sobre um ventre de rocha
com sangue dos filhos mortos
e fuligem das fogueiras que nos salvaram do terror.

Bebi cicuta e vidros partidos.
Fui a rapariga que flutua no rio de flores geladas.
Crucificada boca abaixo
as minhas entranhas são devoradas eternamente
mas nunca renunciei ao fogo
nem a uma única das suas extensões.

As minhas caravelas navegaram os canais de Marte.
O meu ouvido conhece o idioma dos peixes pulmonados.
Sou todos os homens que foram
e aqueles que terão sido,
o robot que chora lágrimas de parafina
e o mutante possuído pelo cérebro da colmeia.


Serenamente verei passar os milénios
fechados e puríssimos
até que se extingam os dinossauros
e os anjos e os cometas
e esse acidente dos protões que foi viver.
Como o primeiro bisonte
aconchegada no ventre de pedra
sangue e rescaldo do que, talvez,
nunca tenha existido.