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04 setembro 2023

ana sánchez huéscar

 
PASEANDO LIMBOS
 
Un pez suplica agua.
Le falta una extremidad.
 
Es ciego, pero percibe las sombras.
 
La noche resbala en los adoquines
con sus zapatos de tacón.
 
Le sobra una extremidad.
 
Hay una reunión clandestina
de caracolas nocturnas
en la periferia de las farolas.
 
Los altos balcones derriten su calor invertebrado
en las macetas de violetas grises.
 
Sueño o necesidad
del frescor de los estanques
que duerme ebrio de ron
en algún columpio oxidado.
 
Y luego estoy yo,
paseando limbos y tapiando recuerdos
con todos los huesos de mi memoria.
 
 
 
PASSEANDO LIMBOS
 
Um peixe suplica por água.
Falta-lhe um membro.
 
É cego, mas percebe as sombras.
 
A noite resvala no empedrado
com os seus sapatos de salto alto.
 
Tem um membro a mais.
 
Há uma reunião clandestina
de conchas noturnas
na periferia dos lampiões.
 
As altas varandas derretem o seu calor invertebrado
nos vasos de violetas cinzentas.
 
Sonho ou necessidade
da frescura das lagoas
dormindo bêbado de rum
num qualquer baloiço enferrujado.
 
E depois estou eu,
passeando limbos e tapando lembranças
com todos os ossos da minha memória.