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11 setembro 2018

montserrat martorell


La memoria olvidada

La primera vez que decidí irme de Chile tenía veintidós años. Había terminado hace muy poco la carrera de Literatura y necesitaba un cambio, una marea nueva que interrumpiera ese curso indefinido en el que estaba presa hace quizás cuánto tiempo. Él ya había sido diagnosticado de Alzheimer hacía tres años. Ya no le iba a importar tanto que me fuera. Quizás, si tenía suerte, me recordaría una vez cada cierto tiempo y alguien, a muchos kilómetros de mí, me diría que había pronunciado mi nombre.

Él es mi padre y tiene setenta y seis años.

Tendría que empezar diciendo que él se casó en una época pasada, medio añeja, medio de mentira, cuando todavía nadie sospechaba que mi hermano, mi madre o yo íbamos a ser alguien dentro de una historia que a ratos parece salpicada por ciertos resabios de oscuridad.

No exagero. Para la gente, antes, e incluso tal vez después, sólo éramos puntos suspensivos en la memoria de nadie. Inexistentes. Sombras frágiles de un espacio eterno que podía serla imaginación, las posibilidades de otra vida, un tiempo errante.

A memória esquecida

A primeira vez que decidi sair doChile tinha vinte e dois anos. Tinha acabado há muito pouco tempo o curso de Literatura e precisava de uma mudança, uma nova maré que interrompesse esse curso indefinido onde me sentia presa há demasiado tempo. Ele já tinha sido diagnosticado com Alzheimer há três anos. Já não se importaria que eu me fosse embora. Talvez, se lhe calhasse a sorte se lembrasse de mim de quando em vez e alguém, a muitos quilómetros de mim, me diria que ele tinha balbuciado o meu nome.

Ele é meu pai e tem setenta e seis anos.

Teria que começar por dizer que ele se casou numa época remota,meia arcaica, meio mentira,quando ainda ninguém suspeitava que o meu irmão, a minha mãe ou eu seríamos alguém dentro de uma história que às vezes parece salpicada por alguns ressentimentos de escuridão.

Não exagero. Para as pessoas, entes e mesmo depois, éramos apenas pontos suspensos na memória de ninguém. Inexistentes. Sombras frágeis de um espaço eterno que poderia ser a imaginação, as possibilidades de outra vida, um tempo errante.