Mostrar mensagens com a etiqueta anna orlítskaya. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta anna orlítskaya. Mostrar todas as mensagens

10 abril 2020

anna orlítskaya


наш кинотеатр

поле тонет в тумане
вспыхивают васильки
и ни одна птица
не нарушит тишины
прерывистым криком

в следующем кадре
мы идем по пустыне
несем кувшин молока
ты отвечаешь на все вопросы кивком головы
у меня неделю назад сломались часы
в следующем кадре мы идем назад

мы доходим до осени
перелистываем календарь
отмечаем дату красным карандашом
мы еще вернемся и в эту комнату, и к этим карандашам
пыльный подоконник протрем

поседевшие васильки в пол-литровой банке стоят на окне
за окном – река
до краев полна молока
и смерти нет

o nosso filme

o campo naufraga no nevoeiro
brilham as centáureas
e não existe pássaro
que quebre o silêncio
com o seu grito descontínuo

no próximo fotograma
caminhamos no deserto
levamos uma garrafa de leite
com movimentos de cabeça respondes a todas as perguntas
o meu relógio avariou-se há uma semana
no fotograma seguinte voltamos

chegamos até ao outono
damos a volta ao calendário
marcamos a vermelho a data
regressaremos e estes lápis a este quarto
limparemos o peitoril coberto de pó

na janela centáureas encanecidas num frasco de meio litro
depois da janela, um rio
repleto de leite até à borda
e de morte já não mais