Mar tóxico
Peces caníbales mutilan un corazón herido.
Sólo el embrión más puro yace en tus entrañas
de pez desubicado.
La corriente nos jala a corredores inesperados,
donde mandíbulas afiladas esperan tu llegada.
Señuelos bioluminiscentes asemejan la salida de un ciclo directo.
A lo lejos el canto de ballenas jorobadas
repite mantras de fortaleza.
Tú nadas y nadas
sudando las últimas escamas de tu cuerpo lacerado
por armas humanas.
Una bolsa de plástico se enrolla en tu única espina.
El látigo de tu cola se muestra mocha.
Los claspers ensangrentados pero aún presentes,
erguidos de una manera solemne,
cumplen siempre su misión reproductiva.
Mar de limones y encebollados,
la guerra entre el pez y el humano.
Me rehúso a morir recostada en tu plato.
Los parásitos me salvarán
de este mar intoxicado.
Mar tóxico
Peixes canibais mutilam um coração ferido.
Só o embrião mais puro jaz em suas entranhas
de peixe fora do ninho.
A corrente leva-nos para corredores inesperados,
onde as mandíbulas afiadas aguardam a tua chegada.
Embelezamentos bioluminescentes assemelham-se à saída de um ciclo direto.
Ao longe o canto das baleias corcundas
repete mantras de força.
Tu nadas e nadas
suando as últimas escamas do teu corpo dilacerado
por armas humanas.
Um saco de plástico enrola-se na teu única espinha.
O chicote da tua cauda apresenta-se mocha.
Os clásperes ensanguentados mas ainda presentes,
erguidos de maneira solene,
cumprem sempre a sua missão reprodutiva.
Mar de limões e acebolados,
a guerra entre o peixe e o humano.
Recuso-me a morrer estirada no teu prato.
Os parasitas salvar-me-ão
deste mar intoxicado.