Mostrar mensagens com a etiqueta paula meehan. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta paula meehan. Mostrar todas as mensagens

03 dezembro 2021

paula meehan

 

Child burial


Your coffin looked unreal,

fancy as a wedding cake.


I chose your grave clothes with care,

your favourite stripey shirt,


your blue cotton trousers.

They smelt of woodsmoke, of October,


your own smell there too.

I chose a gansy of handspun wool,


warm and fleecy for you. It is

so cold down in the dark.


No light can reach you and teach you

the paths of wild birds,


the names of the flowers,

the fishes, the creatures.


Ignorant you must remain

of the sun and its work,


my lamb, my calf, my eaglet,

my cub, my kid, my nestling,


my suckling, my colt. I would spin

time back, take you again


within my womb, your amniotic lair,

and further spin you back


through nine waxing months

to the split seeding moment


you chose to be made flesh,

word within me.


I’d cancel the love feast

the hot night of your making.


I would travel alone

to a quiet mossy place,


you would spill from me into the earth

drop by bright red drop




Enterro de uma criança


O teu caixão parecia irreal,

elegante como um bolo de casamento.


Escolhi com cuidado a roupa do teu enterro,

a tua camisa às riscas favorita,


as tuas calças de algodão azul.

Cheiravam a fumo de madeira, a Outubro,


também tinham o teu próprio cheiro.

Escolhi uma camisola de lã feita à mão,


tépida e cardada para ti. Está

tanto frio aí na escuridão.


Não entra nenhuma luz que te mostre

os caminhos das aves silvestres


os nomes das flores,

os peixes, as criaturas.


Continuarás ignorante

do sol e dos seus trabalhos,


meu cordeiro, minha vitela, minha aguieta,

meu cãozinho, meu cabrito, meu pintainho,


meu lactante, meu potro. Faria girar

o tempo para trás, colocar-te-ia de novo


dentro do meu ventre, tua guarida amniótica,

para te fazer girar ainda mais para trás


através de nove meses de crescimento

até ao momento da tua semeadura


quando escolheste tornar-te carne,

palavra dentro de mim.


Cancelaria o banquete de amor,

a ardente noite da tua conceção.


Viajaria sozinha

para um lugar silente e musgoso


derramar-te-ias de mim para a terra

gota a gota brilhante e vermelha.