Child burial
Your coffin looked unreal,
fancy as a wedding cake.
I chose your grave clothes with care,
your favourite stripey shirt,
your blue cotton trousers.
They smelt of woodsmoke, of October,
your own smell there too.
I chose a gansy of handspun wool,
warm and fleecy for you. It is
so cold down in the dark.
No light can reach you and teach you
the paths of wild birds,
the names of the flowers,
the fishes, the creatures.
Ignorant you must remain
of the sun and its work,
my lamb, my calf, my eaglet,
my cub, my kid, my nestling,
my suckling, my colt. I would spin
time back, take you again
within my womb, your amniotic lair,
and further spin you back
through nine waxing months
to the split seeding moment
you chose to be made flesh,
word within me.
I’d cancel the love feast
the hot night of your making.
I would travel alone
to a quiet mossy place,
you would spill from me into the earth
drop by bright red drop
Enterro de uma criança
O teu caixão parecia irreal,
elegante como um bolo de casamento.
Escolhi com cuidado a roupa do teu enterro,
a tua camisa às riscas favorita,
as tuas calças de algodão azul.
Cheiravam a fumo de madeira, a Outubro,
também tinham o teu próprio cheiro.
Escolhi uma camisola de lã feita à mão,
tépida e cardada para ti. Está
tanto frio aí na escuridão.
Não entra nenhuma luz que te mostre
os caminhos das aves silvestres
os nomes das flores,
os peixes, as criaturas.
Continuarás ignorante
do sol e dos seus trabalhos,
meu cordeiro, minha vitela, minha aguieta,
meu cãozinho, meu cabrito, meu pintainho,
meu lactante, meu potro. Faria girar
o tempo para trás, colocar-te-ia de novo
dentro do meu ventre, tua guarida amniótica,
para te fazer girar ainda mais para trás
através de nove meses de crescimento
até ao momento da tua semeadura
quando escolheste tornar-te carne,
palavra dentro de mim.
Cancelaria o banquete de amor,
a ardente noite da tua conceção.
Viajaria sozinha
para um lugar silente e musgoso
derramar-te-ias de mim para a terra
gota a gota brilhante e vermelha.