Mourning Undone
I think I had almost no mourning to do
when I was just born. Maybe I missed
being held, close, in that musical night,
like someone slipped into a singer’s mouth for
safekeeping, or missed the cello bowels,
the gut of horse and cat and mother–
but I almost did not know that I
was missing them, my mind a field un-
scored, a moon unfootprinted.
Causes of mourning would appear, some of them
fed as they arose, feted and sated, some
pushed aside–next to some people
something walks, like a starveling, sometimes
for a lifetime. When I think of doing the work
of my undone mourning, I think I see,
before me, in the ground, stairs appear
down into the earth–and myself, and my starveling, descending.
Luto inconcluso
Julgo que praticamente não tinha de fazer luto
no momento de ser nascida. Talvez não tenha rececionado
o ser abraçada, em fusão, naquela noite musical,
como alguém entrado na boca de um cantor para
se resguardar, ou perdido as vísceras do violoncelo,
as entranhas de cavalo e gato e mãe -
mas praticamente não sabia
que me faziam falta, a minha cabeça um campo não
pontuado, uma lua sem pegada humana.
As causas de luto iriam aparecer, algumas delas
alimentadas à medida que assomavam, celebradas e saciadas,
postas de lado de certas pessoas
alguma coisa anda, como um esfomeado, às vezes
para sempre. Quando penso em fazer o trabalho
do meu luto desfeito, acho que vejo,
diante de mim, no chão, aparecem escadas
para as entranhas da terra – e eu e o meu esfomeado, descendo.