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08 julho 2021

sharon olds

 Mourning Undone


I think I had almost no mourning to do

when I was just born.  Maybe I missed

being held, close, in that musical night,

like someone slipped into a singer’s mouth for

safekeeping, or missed the cello bowels,

the gut of horse and cat and mother–

but I almost did not know that I

was missing them, my mind a field un-

scored, a moon unfootprinted.

Causes of mourning would appear, some of them

fed as they arose, feted and sated, some

pushed aside–next to some people

something walks, like a starveling, sometimes

for a lifetime.  When I think of doing the work

of my undone mourning, I think I see,

before me, in the ground, stairs appear

down into the earth–and myself, and my starveling, descending. 



Luto inconcluso


Julgo que praticamente não tinha de fazer luto

no momento de ser nascida. Talvez não tenha rececionado 

o ser abraçada, em fusão, naquela noite musical,

como alguém entrado na boca de um cantor para

se resguardar, ou perdido as vísceras do violoncelo,

as entranhas de cavalo e gato e mãe -

mas praticamente não sabia 

que me faziam falta, a minha cabeça um campo não

pontuado, uma lua sem pegada humana.

As causas de luto iriam aparecer, algumas delas

alimentadas à medida que assomavam, celebradas e saciadas,

postas de lado de certas pessoas

alguma coisa anda, como um esfomeado, às vezes

para sempre. Quando penso em fazer o trabalho

do meu luto desfeito, acho que vejo,

diante de mim, no chão, aparecem escadas

para as entranhas da terra – e eu e o meu esfomeado, descendo.