What Kind of Times Are These
There’s a
place between two stands of trees where the grass grows uphill
and the old
revolutionary road breaks off into shadows
near a
meeting-house abandoned by the persecuted
who
disappeared into those shadows.
I’ve walked
there picking mushrooms at the edge of dread, but don’t be fooled
this isn’t
a Russian poem, this is not somewhere else but here,
our country
moving closer to its own truth and dread,
its own
ways of making people disappear.
I won’t
tell you where the place is, the dark mesh of the woods
meeting the
unmarked strip of light—
ghost-ridden
crossroads, leafmold paradise:
I know
already who wants to buy it, sell it, make it disappear.
And I won’t
tell you where it is, so why do I tell you
anything?
Because you still listen, because in times like these
to have you
listen at all, it’s necessary
to talk
about trees.
Que espécie de tempos são estes
Há um lugar entre duas
faixas de árvores onde a relva cresce pelo monte acima
e o velho caminho
revolucionário se interrompe entre as sombras
junto a uma assembleia
abandonada pelos perseguidos
que desapareceram no
interior dessas sombras.
Passeei por aí
colhendo cogumelos na orla do medo, mas não se enganem
isto não é um poema
russo, isto não é algures mas aqui,
o nosso país
movendo-se em direcção à sua própria verdade e horror,
o seu modo próprio de
fazer desaparecer as pessoas.
Não te vou dizer onde
fica este lugar, a malha escura dos bosques
encontrando-se com a
imaculada franja de luz –
encruzilhada de
fantasmas, paraíso de restolho:
já sei quem o quer
comprar, vender, fazê-lo desaparecer.
E não vou dizer onde
está, então para que digo
estas coisas? Porque
mesmo assim sou ouvida, porque em tempos como estes
para ser minimamente
ouvida, é necessário
falar de árvores.