4. Hace tiempo que no
sé a qué huele la noche,
abro la ventana con el
único deseo de respirar,
de mantener en pie la
barricada.
Que aguanten los
músculos,
que no se inflamen los
tendones,
que los órganos
soporten el paso del tiempo
como una armadura que
resiste la afilada hoja de una lanza.
Abro la ventana
en un mundo que consume
a un ritmo
de cuarenta y tres
vidas cada día.
Hace tiempo que no miro
por encima
de mi poco más de metro
y medio,
camino arañando las
esquinas
sobre un suelo que no
asegura soportar mi peso.
Si paro, caigo.
El corazón no aguantará
el imparable descenso
del bombardeo.
4. Faz tempo que não
sei a que cheira a noite,
abro a janela com o
único desejo de respirar,
de manter a barricada
de pé.
Que aguentem os
músculos,
que não se inflamem os
tendões,
que os órgãos suportem
a passagem do tempo
como uma armadura que
resiste à afiada lâmina de uma lança.
Abro a janela
num mundo que consome a
um ritmo
de quarenta e três
vidas por dia.
Faz tempo que não olho
por cima
do meu pouco mais de
metro e meio,
caminho arranhando as
esquinas
sobre um chão que não garante
suportar o meu peso.
Se eu parar, caio.
O coração não aguentará
a imparável descida do
bombardeio.