Gélida
Para pintar mi costado más frágil
es necesario definir
cómo puede caber
tanta dureza en mis ojos
y no resbalarse.
Soy fría, soy blanca,
suficiente para que un hombre
insista por amor al arte.
Pero ella, a un costado,
es más inteligente.
La noche se pega
con la mañana de un domingo
donde unos duermen en el pasto
y otros fuman demacrados.
No la conozco
y ahora se ha puesto entre el pintor y yo:
¿no ves que ella es gélida?
Un color que no existe.
Gélida
Para pintar o meu lado mais frágil
é necessário definir
como consegue caber
tanta dureza nos meus olhos
e não escorregar.
Sou fria, sou branca,
suficiente para que um homem
insista por amor à arte.
Mas ela, de um lado,
é mais inteligente.
A noite contagia-se
com a manhã de um domingo
onde alguns dormem na relva
E outros fumam macilentos.
Não a conheço
e agora pôs-se entre mim e o pintor:
Não vês que ela é gélida?
Uma cor que não existe.