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06 setembro 2022

maría isabel martín

 

Abro la boca y ahora se asoma el corazón, porque de bocados ya no me queda sino el anhelo. La medicina dice que la lengua es un músculo impar [igual a uno], medio [que forma una mitad] y simétrico [de belleza inmutable] y yo pienso, ¿qué cosas tiene la pérdida que la medicina aún no nos dice? El puente de mi boca ahora es desierto de aguas, desierto de besos, desierto de ansias; baja por mi garganta una lluvia de arena.


Mi doctor me pide que abra, que abra lo más que pueda, pero yo ya no tengo lengua de niña inocente que mostrarle. Dejar atrás la niñez es una mutilación fría, precisa, definitiva. No hay paleta de madera, no hay susto entre los dientes inferiores, no hay mordida para escapar de mi.



Abro a boca e agora o coração assoma, porque dos bocados nada me resta senão o anseio. A medicina diz que a língua é um músculo ímpar [igual a um], meio [que forma uma metade] e simétrico [de beleza imutável] e eu penso, que coisas tem a perda que a medicina ainda não nos diz? A ponte da minha boca é agora um deserto de águas, um deserto de beijos, um deserto de ânsias; desce pela minha garganta uma chuva de areia.


O meu médico pede-me que abra, que abra o mais que possa, mas eu já não tenho língua de menina inocente para lhe mostrar. Deixar a infância para trás é uma mutilação fria, precisa, definitiva. Não há paleta de madeira, não há medo entre os dentes inferiores, não há mordida para escapar de mim.