exit
en este sueño
siempre hay un pájaro que me deconstruye
me arrastra con su
porción de canto
a un caos nuevo
a un muro encefálico
no verbal no mítico
ensangrentado de
otros muros
de otros bloques de
muros ciegos
envenenados o
envueltos en el espanto
escribo;
en este sueño no
alcanza el lenguaje porque las señas
––igual que los
llantos––
pueden durar muchos
años
escribo con los
pedazos que van dejando
las palabras de
otros;
busco el ovillo del
hilo que va a salvarme del monstruo
busco el monstruo
que sigue asesinando el fondo del costurero
/escribo/
en este sueño de
caos tóxico
/escribo pero no
alcanza/
(escribo
mientras un pájaro
canta)
exit
neste
sonho há sempre um pássaro que me desconstrói
e me
leva com o seu pedaço de canto
até
a um caos novo
até
a uma parede encefálica não verbal não mítica
ensanguentada
por outras paredes
por
outros blocos de paredes cegas
envenenadas
ou envoltas no susto
escrevo;
neste
sonho
não
alcança a linguagem porque os sinais
-
tal como os lamentos -
podem
durar muitos anos
escrevo
com os pedaços que vão deixando
as
palavras de outros;
procuro
o novelo do fio que me salvará do monstro
procuro
o monstro que continua a assassinar o fundo da caixa de costura
/escrevo/
neste
sonho de caos tóxico
/escrevo
mas não atinge/
(escrevo
enquanto
um pássaro
canta)