07 maio 2019

vanesa almada noguerón


exit
en este sueño siempre hay un pájaro que me deconstruye
me arrastra con su porción de canto
a un caos nuevo
a un muro encefálico no verbal no mítico
ensangrentado de otros muros
de otros bloques de muros ciegos
envenenados o envueltos en el espanto
escribo;
en este sueño no alcanza el lenguaje porque las señas
––igual que los llantos––
pueden durar muchos años

escribo con los pedazos que van dejando
las palabras de otros;
busco el ovillo del hilo que va a salvarme del monstruo
busco el monstruo que sigue asesinando el fondo del costurero

/escribo/
en este sueño de caos tóxico
/escribo pero no alcanza/
(escribo
mientras un pájaro
canta)

exit

neste sonho há sempre um pássaro que me desconstrói
e me leva com o seu pedaço de canto
até a um caos novo
até a uma parede encefálica não verbal não mítica
ensanguentada por outras paredes
por outros blocos de paredes cegas
envenenadas ou envoltas no susto
escrevo;
neste sonho
não alcança a linguagem porque os sinais
- tal como os lamentos -
podem durar muitos anos

escrevo com os pedaços que vão deixando
as palavras de outros;
procuro o novelo do fio que me salvará do monstro
procuro o monstro que continua a assassinar o fundo da caixa de costura

/escrevo/
neste sonho de caos tóxico
/escrevo mas não atinge/
(escrevo
enquanto um pássaro
canta)