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07 novembro 2022

maria ángeles maeso

 

Ratas


Es seguro que ese ruido es de una rata.

De las que comen carne. O recuerdos.

El otro también.


Puede que se lleve un trozo de ti.

De tus pies dormidos

sobre una orza de aguamiel.


A cambio puede que te dé su rabia.

Un poco no, toda su rabia

contra tanta oscuridad.


Yo le busco las cosquillas y le llamo hermana

rata, hermana rata muérdeme.

Un poco no, toda tu boca en mi boca,

tu lengua toda en mi oreja,

vamos, hermana rata, vacía todo tu grito en mí.


Apenas mido un metro y medio más que tú,

pero alcanzo los cien metros

hacia arriba y hacia abajo

si tu grito me traspasa.


Dame tu soplo, hermana rata,

tus cien metros de bronquial silbido,

tus cien metros de esófago,

tus cien metros de jadeo estomacal.


Muérdeme, hermana rata, y dime de una vez

qué cosas quise al romperse el día.


Cuando cada blasfemia era más fuerte

que las lágrimas.




Ratos


De certeza que esse ruído é de um rato.

Do tipo dos que comem carne. Ou lembranças.

O outro também.


Talvez leve um pedaço de ti.

Dos teus pés adormecidos

Sobre um patilhão de hidromel.


Em troca, pode ser que te dê a sua raiva.

Não um pouco, a sua raiva toda

contra tanta escuridão.


Eu provoco-o e chamo-lhe irmão

rato, irmão rato, morde-me.

Um pouco não, toda a tua boca na minha boca,

a tua língua toda na minha orelha,

vamos, irmão rato, esvazia todo o teu grito em mim.


Apenas meço um metro e meio mais que tu,

mas atinjo os cem metros

para cima e para baixo

se o teu grito me trespassar.


Dá-me o teu sopro, irmão rato,

teus cem metros de bronquial silvo,

teus cem metros de esófago,

teus cem metros de respiração ofegante estomacal.


Morde-me, irmão rato, e diz-me de uma vez

que coisas quis na quebra do dia.


Quando cada blasfémia era mais forte

que as lágrimas.