Mostrar mensagens com a etiqueta clyo mendoza. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta clyo mendoza. Mostrar todas as mensagens

31 maio 2019

clyo mendoza


Miedo


Los acontecimientos son accidentes de los cuerpos y el vacío, donde todo se cumple.
La palomilla truena junto al foco
las alas que la sostienen titilan como fina cadena de oro
me estremezco
el perro araña la puerta
el hombre viene por mí
arranca las flores de la ventana
entra
su boca reluce como agua nueva
viene con su furia con sus botas verdes con el puño buscando enterrarse en mi miedo
a esta hora en la que mi padre duerme mi madre duerme mi cuerpo duerme
viene a reunir drupas de sangre
flores del daño
Me habían dicho que ahora el miedo iba a salvarme
me dijeron que mi sangre calibrada (una pastilla cada dos horas) iba a salvarme
que el miedo no era mi verbo que llorar era sensato
Pero él viene a romper mi cuerpo de fruta
Si me muerdes te mato afila disminuye clarifica
mi boca
me duele la boca
No estoy bien, no me sereno, viene el hombre
[taquicardia] bajo su mano el dolor repica
su beso abre estrías en mi lengua
[TAQUICARDIA]
La ventana está cerrada dice mi madre
nada pasa estás loca
el perro se echa lame mi mano
Orina
La orina es el agua de esta herida siempre caliente


Medo

Os acontecimentos são acidentes dos corpos e do vazio, onde tudo se cumpre.
A pomba troveja ao pé da luz
as asas que a sustêm titilam como fina cadeia de ouro
estremeço
o cão arranha a porta
o homem vem atrás de mim
arranca as flores da janela
entra
a sua boca reluz como água nova
vem com a sua fúria com as suas botas verdes com o punho à procura de se enterrar no meu medo
a esta hora em que o meu pai dorme a minha mãe dorme o meu corpo dorme
vem reunir drupas de sangue
flores do dano.
Tinham-me dito que agora o medo ia salvar-me
disseram-me que o meu sangue calibrado (uma pastilha de duas em duas horas) me iria salvar
que o medo não era o meu verbo que chorar era sensato
Mas ele vem romper o meu corpo de fruta
Se me morderes mato-te afia diminui clarifica
a minha boca
dói-me a boca
Não estou bem, não sossego, vem o homem
[taquicardia] sob a sua mão a dor repica
o seu beijo abre estrias na minha língua
[TAQUICARDIA]
A janela está fechada diz a minha mãe
não se passa nada estás maluca
o cão assenta lambe a minha mão
Urina
A urina é a água desta ferida sempre quente

09 agosto 2016

clyo mendoza

Siem­pre he llo­rado. Nací llo­rando. Antes de nacer lloré a través de mi madre. Ella lloraba porque llovía o porque el sol le calentaba el vien­tre. Con­forme fui cre­ciendo dejó de con­so­larme. Dejamos de llo­rar, pero seguíamos creyendo en la tristeza.


Chorei desde sempre. Nasci a chorar. Antes de nascer chorei através da minha mãe. Ela chorava porque chovia ou porque o sol lhe aquecia o ventre. À medida que fui crescendo, deixou de me consolar. Deixamos de chorar mas continuamos a acreditar na tristeza.