Mostrar mensagens com a etiqueta marilyse leroux. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta marilyse leroux. Mostrar todas as mensagens

19 dezembro 2022

marilyse leroux

 

Rien n’avait résisté ni le fer ni l’acier

Dieu est une arme plus cruelle

que la houe du jardinier

j’aurais voulu me coucher dans la terre une

jarre d’eau fraîche à portée de main mais

où étaient mes mains ?


J’ai recollé ma tête et mes pieds

pour épargner le sable


mais rien ne tenait on avait broyé mes os

Alors j’ai suivi la route des fourmis

mon souffle dans leurs pattes

La colonne avançait en bénissant les nuages

pour trois gouttes d’eau

aucun dieu ne nous a aidés.


Nos pieds allaient vers la mer

loin des arbres à histoires

Nous marchions vers un monde

que nous ne connaissions pas

nos sandales ne comprenaient plus le sable.


La marche m’a forcée

à habiter mon corps

le désert à l’oublier

La mer fut un miracle

je l’ai remerciée de nous porter

plus encore de nous laisser.


Ce que j’ai vu

aucune eau ne pourra l’effacer

aucune source aucune pluie la

mer elle-même a renoncé.


Aujourd’hui je suis là de l’autre côté

avec ma peau d’hier et d’avant-hier

je suis là et je vous regarde grande comme je peux

avec ce poids au bout de mes bras

Des ondes me traversent que je ne comprends pas

ni la force qui me porte

ni le courage qu’elles me donnent

Si je le savais mon cœur s’en irait avec elles.



Nada resistiu ao ferro ou ao aço

Deus é uma arma mais cruel

que a enxada do jardineiro

gostaria de me deitar na terra um dia

jarro de água fresca à mão, mas

onde estavam as minhas mãos?


Voltei a montar a minha cabeça e os meus pés

para salvar a areia


mas nada sse sustentava tinham esmagado os meus ossos

Então segui a senda das formigas

o meu sopro nos seus pés

A coluna avançava abençoando as nuvens

para três gotas de água

nenhum deus nos ajudou.


Os nossos pés iam para o mar

longe das árvores que davam histórias

Caminhávamos para um mundo

que não conhecíamos

As nossas sandálias já não compreendiam a areia.


A caminhada forçou-me

a habitar o meu corpo

o deserto para esquecer

O mar foi um milagre

agradeci-lhe por nos levar

mais ainda por nos deixar.


O que eu vi

nenhuma água poderá apagar

nenhuma fonte nenhuma chuva o

próprio mar rebunciou.


Hoje estou do outro lado

com a minha pele de ontem e anteontem

estou aqui e olho para ti da melhor maneira que posso

com esse peso na extremidade dos meus braços

Ondas estão a atravessar-me e eu não entendo

nem a força que me leva

nem a coragem que me dão

Se eu soubesse, o meu coração iria com elas.