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11 maio 2018

gabriela yocco


llevo excesiva conciencia de mi rostro
como si fuera una marquesina obscena una fruta que se pudre
un cuadro en violeta y amarillos

una absurda conciencia de mí
de cada centímetro
de la pelusa en el dorso de las manos del vello del pubis
de la elástica transparencia de la piel
conciencia íntima de mi pelo de su crecimiento letal
del sudor
de las uñas y su lenta musculatura
conciencia de la curva de la córnea
del arco ciliar del latido
de las vísceras
de la garra simia de mis pies

llevo extrema conciencia de mi peso de la tarea de la gravedad sobre los párpados
de cada pliegue que el tiempo pone en mí

ando con este cuerpo con este barco ajado
sobre el océano impecable de los días
como si cargara un muerto
que tanto se me parece

Porto excessiva consciência do meu rosto
como se fosse uma marquise obscena uma fruta que apodrece
um quadro em violeta e amarelos

uma absurda consciência de mim
de cada centímetro
da penugem no dorso das mãos do arbusto da púbis
da elástica transparência da pele
consciência íntima dos meus pelos do seu crescimento letal
do suor
das unhas e sua lenta musculatura
consciência da curva da córnea
do arco ciliar do uivo
das vísceras
da garra símia dos meus pés

Porto extrema consciência do meu peso da tarefa da gravidade sobre as pálpebras
de cada vinco que o tempo me inscreve

ando com este corpo com este barco murcho
sobre o oceano impecável dos dias
como se carregasse um morto
que tanto se parece comigo.