Mostrar mensagens com a etiqueta elena barrio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta elena barrio. Mostrar todas as mensagens

09 janeiro 2019

elena barrio



mi corazón no me basta.
en la noche siento que mi corazón,
atrofiado congénitamente, no me basta.

mi corazón es pequeño, una habitación de hostal sin aseo,
de paredes angulares, estucadas, viejas. siento que las vibraciones
ponen en peligro la estructura de la fachada. siento que las vibraciones
comprometen la integridad del edificio. siento que las palpitaciones
se perdieron en un latir acuático, lánguido, inútil.

mi corazón es pequeño pero el temblor es inmenso,
y me lleva como una ola silenciosa, de esas que contienen un peligro
animal, intuitivo.

mi corazón no me basta y ya sólo me queda
escupir la bilis, escupir los ganglios
que constriñen mi cuello
cada día.

o coração não me basta.
pela noite sinto que o meu coração,
atrofiado congenitamente, não me basta.

o meu coração é pequeno, um quarto de pensão sem higiene,
de paredes angulosas, estucadas, velhas, sinto que as vibrações
põem em perigo a estrutura da fachada, sinto que as vibrações
comprometem a integridade do edifício. sinto que as palpitações
se perderam num latir aquático, lânguido, inútil.

o meu coração é pequeno mas o tremor és imenso,
leva-me como onda silenciosa, das que contêm um perigo
animal, intuitivo.

o coração não me basta e já só me resta
cuspir a bílis, cuspir os gânglios
que constrangem o meu pescoço
todos os dias.